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SENHORAS
2 Intrigas, muitas intrigas!
Oh! que boas amizades!
Sereis a causa, senhora,
De tantas inimizades.
3 Dinheiro, heranças immensas
E o mais que não sei, não;
Mas cuidado, que as intrigas
Serão vossa perdição.
4 O que se ganha? Em visitas
O tempo roubado vai;
Gastam chá e muitas vezes
Té o dinheiro lá sahe!
5 Namoro, facilidade
Para namorardes bem!
Pois p'ra páo de cabelleiras
As amigas geito têm!
6 Uma tremenda salsada
No fim de um bello saráo,
Onde vereis vosso amante
Apanhar por vós de páo!
7 Tudo o que ha de bom na terra,
Porque vós sois muito boa;
De todos quantos aqui estão
Vós sois a melhor pessoa.
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HOMENS
2 Muitas honras e grandezas,
Titulos e graduações,
Ganhareis de mil amigos,
Por vossas bajulações.
3 Dinheiro? E' o que gostais!
Mas com amigos perdereis,
E sem amigo e vintem
Muito cedo ficareis.
4 Um namoro que por certo
Vos tornará millionario;
Mas, amigo, a pobre velha
Já está no octogenario!
6 A amizade vos prepara
Dias de eterna ventura,
Com bons empenhos tereis
Tambem grande sinecura
6 Talvez em breve amizade
Grande riqueza vos traga,
E vos dê para morada
O palacio da Azinhaga.
7 Um ministro, vosso amigo,
Fará de vós seu poleiro;
Elle por nescio e vaidoso,
E vós por mui lisongeiro.
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SENHORAS
8 Prova de boa amizade
Na peior situação;
Eu só vos peço, senhora,
Não pagueis com ingratidão.
9 Conhecerdes este mundo
Que é mundo de ingratidões;
Mas aproveitai, senhora,
Não esperdiceis as lições.
10 Que vos tirem inda do lance,
Porque o lance é muito bom,
Se bem que afóra o dinheiro,
O moço é sem tom nem som.
11 Nada, que vossas amigas
São bem como todas são;
Nas faces muita alegria,
No peito muita traição.
12 A mulher de algum ministro.
Vos promette muita cousa,
Esperai, que o desengano
Será nem cousa nem lousa.
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HOMENS
8 Ser cantado em prosa e verso,
Ser levado á eternidade,
Como o modelo sem par
Da mais benigna amizade!
9 O fim que teve Edelmonda
A' vossa amante dareis:
E á perfídia da amizade
Um tal crime devereis.
10 Os parabens não vos dou
Por terdes muitos amigos,
Que ainda por muitas cousas
Serão vossos inimigos.
11 Esse que come comvosco
Esse que comvosco bebe,
Ah! que para injuriar-vos
Boas patacas recebe.
12 Temei assaz esses falsos,
Que vossos amigos são;
Hão de faltar vos deveras
De crise na occasião.
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