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Paulo/VII

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Paulo amava a filha do comendador como um artista é capaz de amar. Tinha-lhe tirado o retrato nesse momento de inspiração febril que se segue ao primeiro abalo do amor, ao delírio dessa emoção por que passa o homem que ouviu, depois de longas noites de anseios, de esperanças e dúvidas, essa declaração trêmula, deixando vagarosamente os lábios da mulher, que enrubescendo diz: - eu... tam... bém... amo... -te -, quando o poeta, enfim, vê com os olhos da alma dentro do seu crânio de fogo a imagem da mulher que o incendiou.

À noite recolheu-se a seu quarto, abriu um livro, leu e releu e não ligou uma só idéia da página relida; afinal caiu nesse ressonar, de que a cada instante desperta quem faz por adormecer, não para dormir, e só para ver se o dia amanhece mais cedo.

Lá pela madrugada o espírito, mais calmo, cedeu ao cansaço do corpo, e Paulo caiu num sono tranqüilo e profundo.

Às oito horas da manhã, Paulo ainda dormia profundamente, e já sua mãe voltava da casa do comendador.

A boa mulher deixou que seu filho continuasse a dormir, e foi contar à filha como se houve na missão de que se encarregara.