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VIAGENS MARAVILHOSAS

o caminho mais curto passando por encostas abruptas, que nenhum cavallo seria capaz de trepar; mas com que fadiga se fez isso!

Seria uma hora depois do meio dia quando os dois chegaram á vertente norte da serra por onde caminhavam havia dois dias. Segundo as informações dadas por Lopépe, não devia estar-se longe da capital de Tonaia. Infelizmente eram tão vagas as indicações acerca do caminho a seguir, e tão confusas na lingua bejuana as idéas a respeito das distancias, que era muito difficil saber de antemão se se tornavam precisos dois ou cinco dias de marcha para lá chegar.

Quando Cyprano e Li desciam a encosta do primeiro valle, que se abria diante delle, depois de terem passado a linha da cumiada, o china deu uma risadinha secca, e disse em seguida:

— Girafas!

Cypriano olhando para baixo viu effectivamente uns vinte animaes d'aquella especie pastando no fundo do valle. Nada tão graciso á vista como observar de longe os seus compridos pescoços, erguidos como mastros, ou estendidos como serpentes sobre a herva, a tres ou quatro metros dos corpos mosqueados de manchas amarelladas.

— Podia-se agarrar uma d'aquellas girafas para substituir o Templar, observou Li.

— Montar n'uma girafa! Ora! Quem é que fez nunca similhante cousa? exclamou Cypriano.

— Eu não sei se já se viu isso, replicou o china, mas só depende do senhor o vel-o, se me deixa tentar a experiencia.

Cypriano, que não tinha o costume de julgar impossivel o que apenas era novo para elle, declarou-se prompto a auxiliar Li na sua empreza.

— Estamos a sotavento das girafas, disse o china, o que é