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VIAGENS MARAVILHOSAS

«Immediatamente o governo inglez, fiel ao seu systema de se atravessar, desprezando todos os tratados e todos os direitos, declarou que o Griqualand lhe pertencia.

«Debalde a nossa Republica protestou!... Debalde propoz o submetter a questão á arbitragem de um Chefe de Estado Europeu!... A Inglaterra recusou a arbitragem e occupou o nosso territorio.

«Podia ao menos esperar-se que os nossos injustos dominadores respeitassem os direitos particulares! Por minha parte, tendo ficado viuvo e sem filhos depois da terrivel epidemia de 1870, já me não sentia com animo para ir procurar nova patria, arranjar novo lar, — o sexto ou setimo da minha longa carreira! Fiquei pois no Guiqualand. Fui quasi o unico que me conservei estranho a essa febre de diamantes que se apoderava de toda a gente, e continuei a cultivar a minha horta como se a um tiro de espingarda da minha casa não se tivesse descoberto o jazigo de Du-Toit's-Pan!

«Ora qual não foi um dia o meu espanto quando verifiquei que o muro do meu kraal, feito de pedras seccas, ao uso da terra, tinha sido demolido durante a noite e transportado para o meio da planicie a trezentos metros de distancia! No logar do meu, John Watkins, ajudado por um cento de cafres, tinha feito outro, que se ligava com o d'elle e que fechava no seu terreno uma elevação de terra arenosa e avermelhada que fora até aquelle momento propriedade minha sem contestação.

Queixei-me ao espoliador... Poz-se a rir. Ameacei-o de o demandar... Disse-me que me mettesse n'isso!

«Tres dias depois tinha a explicação do enigma. Aquella elevação de terreno, que me pertencia, era uma mina de diamantes. John Watkins, tendo-se certificado d'isso, apressára-se em fazer a mudança do meu cercado; depois corrêra a Kimberley para fazer registar officialmente a mina em seu nome.