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A cidade e as serras
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pensamentos já pensados, só exprime todas as expressões já exprimidas: — ou então, para se destacar na pardacente e chata Rotina e trepar ao fragil andaime da gloriola, inventa n’um gemente esforço, inchando o craneo, uma novidade disforme que espante e que detenha a multidão como um mostrengo n’uma Feira. Todos, intelectualmente, são carneiros, trilhando o mesmo trilho, balando o mesmo balido, com o focinho pendido para a poeira onde pisam, em fila, as pégadas pisadas; — e alguns são macacos, saltando no topo de mastros vistosos, com esgares e cabriolas. Assim, meu Jacintho, na Cidade, n’esta creação tão anti-natural onde o solo é de pau e feltro e alcatrão, e o carvão tapa o ceu, e a gente vive acamada nos predios como o panninho nas lojas, e a claridade vem pelos canos, e as mentiras se murmuram através d’arames — o homem apparece como uma creatura anti-humana, sem belleza, sem força, sem liberdade, sem riso, sem sentimento, e trazendo em si um espirito que é passivo como um escravo ou impudente como um histrião... E aqui tem o bello Jacintho o que é a bella Cidade!

E ante estas encanecidas e veneraveis invectivas, retumbadas pontualmente por todos os Moralistas bucolicos, desde Hesiodo, atravez