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A cidade e as serras

casebres, sumidos entre figueiras, onde se esgaçava, fugindo do lar pela telha vã, o fumo branco e cheiroso das pinhas. Nos cerros remotos, por cima da negrura pensativa dos pinheiraes, branquejavam ermidas. O ar fino e puro entrava na alma, e n’alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de chocalhos de guizos morria pelas quebradas...

Jacintho adiante, na sua egua ruça, murmurava:

— Que belleza!

E eu atraz, no burro de Sancho, murmurava:

— Que belleza!

Frescos ramos roçavam os nossos hombros com familiaridade e carinho. Por traz das sebes, carregadas d’amoras, as macieiras estendidas offereciam as suas maçãs verdes, porque as não tinham maduras. Todos os vidros d’uma casa velha, com a sua cruz no topo, refulgiram hospitaleiramente quando nós passamos. Muito tempo um melro nos seguia, de azinheiro a olmo, assobiando os nossos louvores. Obrigado, irmão melro! Ramos de macieira, obrigado! Aqui vimos, aqui vimos! E sempre comtigo fiquemos, serra tão acolhedora, serra de fartura e de paz, serra bemdita entre as serras!

Assim, vagarosamente e maravilhados, chegamos