d’esse altar, que eu lhe prometto mais do que uma paixão ephemera de rapaz, prometto-lhe a constante adoração, rodeada de respeito, do homem que as suas virtudes reconciliaram com o mundo. Acceite, Christina, acceite o offerecimento do meu coração.
Christina tremia sem poder responder.
Magdalena entrou por sua vez na capella.
— Não se pode exigir assim uma resposta directa, primo Henrique — disse ella.
Christina, cada vez mais surprehendida por estas successivas e inesperadas apparições, correu para a prima.
— Tu, Lena! Tu tambem aqui?!
— Então não me competia receber em minha casa as visitas? Mas vamos, dize-me aqui ao ouvido a resposta que queres que eu dê por ti ao sr. Henrique de Souzellas, que me parece acaba de te pedir, muito terminantemente, a tua mão.
Christina não respondeu, senão cingindo-a mais intimamente ao seio.
— Não responderam os labios, primo, — continuou a morgadinha — mas falou o coração ao meu na linguagem das pulsações. Estou-o sentindo.
— E disse?...
— Que havia de dizer? Que sim.
E Magdalena, que tinha a mão de Christina na sua, extendeu-a a Henrique, que a apertou apaixonadamente e a beijou de novo.
Parece-me poder affirmar que d’esta vez já houve correspondencia.
O velho Torquato, farto de esperar de fóra da capella, e achando que as rezas se prolongavam de mais, resolveu chamar Christina.
Ao entrar divisou porém tres pessoas em logar de uma só, que esperava, e recuou estupefacto e aterrado.
Suppôz que almas penadas andavam na capella.
O bom do homem não ousava approximar-se.