alvas bambinelas de cassa, suspensas às lanças douradas.
A mobília era tão simples e tão elegante como o aposento : dois consolos de mármore, uma conversadeira, algumas cadeiras e o leito nupcial, que se envolvia nas longas e alvas cortinas, como uma virgem no seu véu de castidade.
Era, pois, um ninho de amor este gabinete, em que o bom gosto, a elegância e a singeleza tinham imprimido um cunho de graça e distinção que bem revelava que a mão do artista fora dirigida pela inspiração de uma mulher.
Carolina estava sentada a um canto da conversadeira, a alguns passos do leito, no vão das duas janelas; tinha a cabeça descansada sobre o recosto e os olhos fitos na porta da sala.
A menina trajava apenas um alvo roupão de cambraia atacado por alamares feitos de laços de fita cor de palha; o talhe do vestido, abrindo-se desde a cintura, deixava-se entrever o seio delicado, mal encoberto por um ligeiro véu de renda finíssima.
A indolente posição que tomara fazia sobressair toda a graça do seu corpo e desenhava as voluptuosas ondulações dessas formas encantadoras, cuja mimosa carnação percebia-se sob a transparência da cambraia.
Seus longos cabelos castanhos de reflexos dourados, presos negligentemente, deixavam cair alguns anéis que se espreguiçavam languidamente sobre o colo aveludado, como se sentissem o êxtase desse contato lascivo.
Descansava sobre uma almofada de veludo a ponta de um pezinho delicado, que rocegando a orla do seu roupão, deixava admirar a curva graciosa que se perdia na sombra.