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achava-se feliz, como se ele lhe falasse, a olhasse e lhe sorrisse.

Foi só quando o moço, erguendo docemente a fronte da menina, a depôs sobre o recosto da almofada, que Carolina olhou seu amante com surpresa e viu que alguma coisa se passava de extraordinário.

— Jorge, disse ela com a voz trêmula e cheia de angústias, tu não me amas.

— Não te amo! exclamou o moço tristemente; se tu soubesses de que sacrifícios é capaz o amor que te tenho!...

— Oh! não, continuou a moça, abanando a cabeça; tu não me amas! Vi-te todo o dia triste; pensei que era a felicidade que te fazia sério, mas enganei-me.

— Não te enganaste, não, Carolina, era a tua felicidade que me entristecia.

— Pois então saibas que a minha felicidade está em te ver sorrir. Vamos, não me ames hoje menos do que me amavas há dois meses!

— Há dois momentos, Carolina, em que o amor é mais do que uma paixão, é uma loucura; é o momento em que se possui ou aquele em que se perde o objeto que se ama.

A menina corou e abaixou os olhos sobre o tapete.

— Dize-me, tornou ela para disfarçar a sua confusão, o que sentiste hoje no momento em que as nossas duas mãos se uniram sob a bênção do padre?

Jorge estremeceu e ia soltar uma palavra que reteve; depois disse com algum esforço:

— A felicidade, Carolina.

— Pois eu senti mais do que a felicidade; quando nossas mãos se uniam tantas vezes e que nós conversávamos horas e horas, eu era bem feliz; mas hoje