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alta estatura e de um porte elegante, à primeira vista parecia estrangeiro.

Tinha uma dessas feições graves e severas que impõem respeito e inspiram ao mesmo tempo a afeição e a simpatia. Sua barba, de um louro cinzento, cobria-lhe todo o rosto e disfarçava os seus traços distintos. A fronte larga e reflexiva, um pouco curvada pelo hábito do trabalho e da meditação, e o seu olhar fixo e profundo, revelavam uma vontade calma, mas firme e tenaz.

A expressão de tristeza e ao mesmo tempo de resignação que respirava nessa fisionomia, devia traduzir a sua vida; ao menos fazia pressentir na sua existência o predomínio de uma necessidade imperiosa, de um dever, talvez de uma fatalidade.

Ninguém na praça conhecia esse moço, que aí aparecera havia pouco tempo; mas as suas maneiras eram tão finas, os seus negócios tão claros e sempre à vista, as suas transações tão lisas, que os negociantes nem lhe perguntavam o seu nome para aceitarem o objeto que ele lhes oferecia.

Todas as pessoas já tinham partido e ficara apenas o moço, que sem dúvida esperava alguém; entretanto, ou porque ainda não tivesse chegado a hora aprazada, ou porque já estivesse habituado a constranger-se, não dava o menor sinal de impaciência.

Finalmente a pessoa esperada apontou na entrada da rua do Sabão e aproximou-se rapidamente.

A senhora, que talvez tenha imaginado um personagem de grande importância vai decerto sofrer uma decepção quando souber que o desconhecido era apenas um mocinho de dezenove para vinte anos.