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ao Hotel Pharoux, que naquele tempo era um dos melhores que havia no Rio de Janeiro; ainda não estava transformado em uma casa de banhos e um ninho de dançarinas.

Poucos instantes depois, estavam os dois companheiros sentados a uma das mesas do salão; e o sr. Almeida, com um movimento muito pronunciado de impaciência, instava para que o moço concordasse na escolha do jantar que ele havia feito à vista da data.

Carlos recusava com excessiva polidez os pratos esquisitos que o velho lembrava, e a todas as suas instâncias respondia, sorrindo :

— Não quero adquirir maus hábitos, sr. Almeida.

O velho reconheceu que era inútil insistir.

— Então o que quer jantar?

Carlos escolheu dois pratos.

— Somente?

— Somente.

— Não me meto mais a teimar com o senhor, respondeu o velho, olhando de encontro à luz o rubi liquido de um cálice de excelente vinho do Porto.

Serviu-se o jantar.

O sr. Almeida comeu com a consciência de um homem que paga bem e que não lastima o dinheiro gasto nos objetos necessários à vida. Satisfez o estômago e deixou apenas esse pequeno vácuo, tão difícil de encher, porque só admite a flor de um manjar saboroso ou de uma iguaria delicada.

Então, bebendo o seu último cálice de vinho do Porto, passando na boca as pontas do guardanapo, cruzou os braços sobre a mesa com ar de quem dispunha a conversar.