Felizmente estamos no tempo das ironias; e não se me dá de crer que a câmara é capaz de aprovar aquela resposta, e pouco depois declarar-se em oposição aberta.
E nisto não fazia mais do que seguir o exemplo dos ministros que prometem, protestam, dão palavra, e amanhã nem se lembram do que disseram na véspera.
Ora, não vejo porque a câmara não aproveitará das lições dos seus mestres, ainda mesmo que seja para dar-lhes lição.
Terá medo de dissolução? Acreditará num boato que por aí espalham certos visionários?
Custa-me a crer. O tempo em que os ministérios dissolviam as câmaras já passou; agora estamos no tempo em que as câmaras é que hão de dissolver os ministérios.
Outrora, quando os deputados vinham por sua vontade, com toda a pressa, o ministério os mandava embora.
Atualmente, que é preciso que o governo mande buscar os deputados, é natural que estes mandem embora o ministério.
É a regra do mundo. Depois da ação vem a reação.
Aqui vejo-me obrigado a abrir um parêntese, e a trocar a minha pena de folhetinista por uma pena qualquer de escritor de artigos de fundo.
Não brinquem, o negócio é muito sério.
Vou escrever uma tirada política.
A situação atual apresenta um aspecto muito grave, e que pode ter grandes conseqüências para o país.
Chegamos talvez a esse momento decisivo em que os sentimentos políticos, por muito tempo adormecidos, vão novamente reaparecer e tomar um grande impulso.
No meio do indiferentismo e do marasmo em que se sepultavam os antigos partidos políticos, começam a fermentar algumas idéias, algumas aspirações, que talvez sejam o germe de um novo partido.
Os princípios desapareceram; as opiniões