Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/164

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libertar-se da vida assim profanada... Mísera Inês!... Muito o amo eu, pois torno-me boa para vós que mo roubastes!...”

Raquel deixou-se arrastar pelo tropel de pensamentos que afluíram. Depois de algum tempo ergueu a fronte calma e resoluta:

— Disseste, Zana, que te levarão à câmera de D. Inês no dia em que eu deseje!

— Se bem o disse, melhor o farei.

— Pois o dia será o de hoje, e sem mais tardar que esta manhã; agora mesmo?

— Lá me vou! A fazer o que, dizei!

— Não irás, não, Zana!

— Ninguém vos entende.

— Irei eu em vossa pessoa e com vosso traje e parecença!

— Estais bem em vosso juízo são, menina?

— Não me recusarás isso, Zana; aqui tens nesta bolsa quanto ouro possuo; toma-o todo para ti; dar-te-ei mais depois. É preciso que eu fale a Inês e hoje mesmo. Ninguém me reconhecerá; tomar-me-ão por ti.

— Não vos falta o ânimo de vos trajardes assim, de velha bruxa?... E então correr as ruas sozinha!...