Página:As Minas de Prata (Volume VI).djvu/273

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Entrando, Inesita sentiu-se gelada, como se penetrara em um túmulo. Ali estavam sobre os coxins as suas roupas de noivado, as cândidas vestes da inocência, o véu do pudor, a coroa da virgem, o ramalhete da castidade.

— Esta noite sereis conduzida ao altar, Inês! disse o fidalgo.

A donzela curvou a fronte, cruzando as mãos ao seio em atitude de mártir.

— Sabereis em tempo qual o esposo que vos escolhi!...

Que importava a Inesita quem ele fosse? Abandonou às suas aias, para que amortalhassem de galas e riquezas, um corpo morto. Quando terminaram esse triste ofício de ornar a vítima do himeneu, Inesita ergueu-se e foi direito ao trumó; sua mão buscou alguma coisa na gaveta.

— Ainda não! murmurou. Ele me disse que esperasse apesar de tudo.

Escondeu o objeto no seio. Chegou então D. Francisco, e guiou a filha pela mão às salas, cheias já de damas e cavalheiros. Para a sala do dossel arrastavam naquele instante a cadeira onde D. Ismênia, também coberta de alfaias e sedas, assistia surpresa àquela festa incompreensível. Inesita