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IX

Ao trono cristianíssimo prostrado,
A régia mão dos dois monarcas beija
O bom Diogo, tendo a esposa ao lado,
E faz que atenta toda a corte esteja;
E, havendo por três vezes humilhado,
A fronte aos reis, que respeitar deseja,
É fama que com gesto reverente
Falara deste modo ao rei potente:

X

"Tendes a vossos pés, Sire, invocando
No trono da grandeza a majestade,
Estes dois peregrinos, que, sulcando
Do poderoso mar a imensidade,
No império, que regeis com sábio mando,
Buscam asilo na real piedade;
E a vós e ao vosso reino se dirigem,
Donde tem Portugal o nome e a origem.

XI

O Brasil, Sire, infunde-me a confiança
Que ali renasça o português império,
Que, estendendo-se ao Cabo da Esperança,
Tem descoberto ao mundo outro hemisfério.
Tempo virá, se o vaticínio o alcança,
Que o cadente esplendor do nome hespério
O século, em que está, recobre de ouro,
E lhe cinja o Brasil mais nobre louro.