Página:Caramuru 1781.djvu/217

Wikisource, a biblioteca livre
XLVIII

Ótimo anil de planta pequenina
Entre as brenhas incultas se recolhe;
Tece-se a roupa do algodão mais fina,
Que em cópia abundantíssima se colhe;
Que, se a abundância à indústria se combina,
Cessando a inércia, que mil lucros tolhe,
Houvera no algodão, que ali se topa,
Roupa com que vestir-se toda a Europa.

XLIX

O uruçu, fruta de árvore pequena,
Como lima, em pirâmide elevada,
De que um extrato a diligência ordena,
Que a escarlata produz mais nacarada;
De imortal tronco a tarajaba amena
Rende a áurea cor dos belgas desejada,
O pau brasil, de que o engenhoso norte
Costuma extrair cor de toda a sorte.

L

Há de bálsamos árvores copadas,
Que por léguas e léguas se dilatam;
Folhas cinzentas, como a murta, obradas,
E em grato aroma os troncos se desatam,
Se neles pelas luas são sangradas;
E uso vário fazendo os que contratam,
Lavram remédios mil e obras lustrosas,
Contas de cheiro e caixas preciosas.