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CARTA DE GUIA DE CASADOS
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das, se hajam hoje trocado a vilãs bem dispostas. Já viemos das mães para as amas; e agora das bôas amas imos para as ruins. Enfim, é uso, vá com êle. Mas contra a natural obrigação das mães ; porque, como disse um sábio : quem antes de nos vêr, e conhecer, nos sustenta nove meses dentro em sí ; ¿ porque depois de nos vêr e conhecer, nos enjeita, e busca outrem que nos sustenta ? Bem folgára eu de vêr os filhos de meus amigos mamar bom leite ; não só na qualidade do corpo, mas também na do espírito.

A quem foi filho tam bem criado como v. m., pouco, ou nada tenho que lhe lembrar na criação dos filhos. Crie-os v. m. como seus pais o criaram, que todos nos daremos por contentes.

É também esta matéria larguíssima para discorrer nela, e toca verdadeiramente mais a outro intento, porque o que agora levamos é só apontar regras à vida dos casados, para que levem suavemente aquele jugo que sôbre ambos descansa.


XXXVII


Bastardos


Virá aqui a propósito de filhos, isto de filhos bastardos : alfaias certo mui bem escusadas, e de não pouco embaraço aos casados ; mas que aquele que as tem, não pode mandá-las vender ao Pelourinho. É fôrça que digamos sôbre isto alguma cousa.

Os naturais, e que não devem nada à fé do matrimó-