Página:Diccionario de botanica brasileira.djvu/136

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��Entre os manuscriptos da bibliotheca imperial de Paris, existem : uma conta datada de 1333, onde figura uma par- cella do custo de certa poro de as- sucar branco para uso do Delpliim Umbert ; um Decreto real de 1353, re- giilarisando o commercio do assucar ; e finalmente poesias de Eustquio Deschamps, morto em 1428, em que o poeta menciona o assucar como um dos mais caros artigos de despezas das famlias .

Legrand d'Assissi, diz que no XV sculo, a cultura da Canna tornou- se uma espcie de mania geral.

Beaujeu, que escreveu em 1550, diz que ella era mui cultivada na Provena e no Languedoc.

Alguns auctores querem que a Camia fosse introduzida na Syria, em Chipre, e na Sicilia no XIV sculo ; mas o Sr. Dr. Freire Allemo apoiando-se em um diploma ou acto de doao feito por Guilherme II rei da Sicilia a um mosteiro de Benedictinos, diz que, no ultimo quartel do XII sculo, j exis- tiam engenhos de moer Canna na Si- cilia,

Como quer que seja parece certo, como conclue o mesmo Dr. Freire Al- lemo, que ao fechar do XIV sculo era conhecida esta planta em todo o mbito do Mediterrneo, desde as praias da sia at Tanger na Africa, e Gra- nada na Europa.

Descoberta a ilha da Madeira em 1420, o celebre infante D. Henrique promoveu de todos os modos a cultura da Canna, que ahi prosperou, assim como nas Canrias.

A opinio geralmente adoptada que esse prncipe mandara vir da Si- cilia as primeiras mudas de Canna que se plantaram na ilha da Madeira, assim como mestres e apparelhos de fabricar assucar.

Esta opinio unicamente fundada no que escreveu o historiador Joo de Barros. O Sr. Dr. Freire Allemo hesita em adoptal-a.

Que o infante mandou buscar Si- cilia mestres de moendas e de assucar

��nada mais natural, diz elle, por ser um dos lugares onde, n'aquelle tempo, melhor se entendia d'aquelle mister; as cannas^ porm, elle tinha quasi em casa, visto que, at o estreito de Gi- braltar (e quem sabe se fora d'elle) j eram conhecidas e cultivadas.

A Hespanha seguio o exemplo de Portugal, introduzindo essa preciosa cultura nas Canrias, e depois na pr- pria Hespanha.

A Canna de assucar naturalisou-se nos reinos de Andaluzia, de Valena, de Granada, Murcia, etc, e a Hespa- nha hoje o nico paiz da Europa, onde se cultiva a Canna de assucar.

No XVII sculo, Alexandria, Chypre, Rhodes, etc, j no forneciam assucar ao commercio ; porm, em 1815 ainda estes paizes abasteciam a vrios mer- cados da Europa, e a respeito da Fi-ana escrevia n'este mesma anno Charles Etienne :

Os assucares mais estimados so os que nos fornecem a Hespanha, Alexandria, as ilhas de Malta, de Rhodes, de Chypre e de Cnndia.

Elles nos chegam d'esses diversos paizes molhados em forma de pes gran- des, mas os que nos vem de Valena so menores.

O assucar de Malta mais duro, porm no to branco, ainda que elle seja brilhante e transparente.

Finalmente o assucar no outra cousa mais do que o sueco de um can- nio, que se espreme por meio de uma pedra ou de um moinho, que depois se embranquece fazendo-o cosinhar por trs ou quatro vezes, e se deita em moldes onde elle endurece.

Parece que em 1520 os portuguezes introduziram a cultura da Canna nas ilhas do Cabo Verde.

A pequena ilha de S. Tliom poucos annos depois j contava sessenta en- genhos, e os auctores contemporneos avaliavam a sua produco em quatro milhes de libras.

Em 1506 Pedro de Etiena ou de Atiena levou plantas de Canna para Hespaniola (depois S. Domingos, hoje

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