Página:Dom João VI no Brazil, vol 2.djvu/77

Wikisource, a biblioteca livre

DOM JOAO VI NO BRAZIL 641

e o espirito ou impulsao do momento: os Portuguezes podem impunemente descurar ou mesmo estragar seus proprios negocios: os Inglezes deveriam arranjar e concertar tudo a contento delles."

Si a Inglaterra se mostrava infensa a Portugal na questao de Montevideo, nao espanta que muito mais assim se mostrasse o resto da Santa Allianga, que nao andava unido a elle por identicos lacos. Fiel ao systema adoptado de appellar para as potencias antes de appellar para a forga, o governo hespanhol mandou o seu embaixador em Pariz, conde de Peralada, entregar ao duque de Richelieu, a 25 de Novembro de 1816, logo que a expedigao foi divulgada em Madrid, um longo memorandum sobre o comportamento iniquo do gabinete do Rio. N elle se denunciava o constante imperialismo de Portugal no Novo Mundo e se apontava para a sua recusa de associar seus esforgos com os da Hes- panha afim de impedirem a constituic,ao de um estado inde- pendente e republicano paredes meias com a monarchia por- tugueza, preferindo esta executar sosinha a repressao.

A habilidade de Brito, que era grande, competia de fender cabalmente em Pariz a attitude da sua corte, e nao se pode senao considerar valiosa a sua defeza. Na nota a Richelieu de 30 de Janeiro de 1817 (i) tratou elle de ex- plicar a impossibilidade moral em que se encontrava o go verno portuguez de nao reagir contra uma propaganda anar- chista feita nas suas portas e que ameacava provocar os ha- bitantes a revolta e emancipar os escravos. Eram afinal puras medidas defensivas as empregadas, e a corte do Rio ver-se- hia perdida diante do rancor dos insurgentes, sobretudo por julgarem-na coluiada com a de Madrid, si nao houvesse

��(1) Arch, cjo Min. dos Xeg. Est. de F

�� �