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O meu captiveiro entre

que era tambem o senhor desse escravo, pediu-me que o curasse, pois lhe fazia falta no serviço. Fui de parecer que o doente não se curaria, e Ipirúguaçú resolveu dal-o a um amigo, para que o matasse e ganhasse mais um nome.

Os indios costumam sangrar os doentes nas veias, com um dente de paca afiadissimo. Deram-me um destes dentes e eu procurei sangrar o carijó; mas o intrumento estava cégo e nada consegui. Os indios, que me rodeavam, indagaram o que eu achava do doente, e ao dizer-lhes que não poderia sarar replicaram:

— Sim, elle quer morrer e nós vamos matal-o antes disso.

— Não! Não o façam, que elle póde levantar-se ainda acudi eu.

De nada valeram estas palavras; levaram-no para de fronte á cabana de Guaratinga-açú, a braços, porque o doente não dava accordo de si.

O indio, a quem Ipirú-guaçú havia presenteado com esse escravo, approximou-se de tacape em punho e deu-lhe tamanho golpe na cabeça que os miolos saltaram.

Deixaram-no alli e começaram a preparar-se para comel-o.