Página:O Crime do Padre Amaro.djvu/461

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governado pela mulher, que era uma escravazinha do pobre Natário?...

— Mas o Natário, disse Amaro, o Natário que detesta o escrevente, que dirá ele a esta revolução?

— Homem, exclamou o cônego com uma grande palmada na coxa, que me tinha esquecido! Pois você não sabe o que aconteceu ao pobre Natário?...

Amaro não sabia.

— Quebrou uma perna! Caiu da égua!

— Quando?

— Esta manhã. Eu soube-o agora à noitinha. Eu sempre lho disse: homem, esse animal ferra-lhe alguma! Pois senhores, ferrou-lha. E tesa! Tem para pêras... E eu que me tinha esquecido! Nem as senhoras lá em cima sabem nada.

Foi uma desolação, em cima, quando souberam. Amélia fechou o piano. Todos lembraram logo remédios que se lhe devia mandar, foi uma gralhada de oferecimentos - ligaduras, fios, um unguento das freiras de Alcobaça, meia garrafinha dum licor dos monges do deserto de ao pé de Córdova... Era necessário também assegurar a intervenção do Céu: e cada uma se prontificou a usar do seu valimento com os santos da sua intimidade; D. Maria da Assunção, que ultimamente praticava com Santo Eleutério, ofereceu a sua influência; D. Josefa Dias encarregava-se de interessar Nossa Senhora da Visitação; D. Joaquina Gansoso afiançou S. Joaquim.

— E lá a menina? perguntou o cônego a Amélia.