Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/255

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o sangue ardente
Lhe lembra a imitação de heróicos feitos,
Generosos A Andradas, dignos peitos!
Este alimpa os Sertões da gente ociosa,
Que do roubo se nutre; a deliciosa
Margem do Rio Grande é povoada.
Toda a larga campina que pisada
Fora do cafre vil ao Régio Erário
Rende os tributos; pode o Céu contrário,
Sim, roubar-vos, ó Freires, mas na idade
Há de ser imortal nossa saudade.
Vês ora o grande Lobo: este caminha
Seguindo a Serra, que lá tem vizinha
De Paulo a Capital; impede os passos,
Que abre o extravio; pronto aos ameaços
Da Guerra acode, a Terra fortalece
De militares tropas, e a guarnece
De bélicos petrechos: já fundido
Sai da fornalha o bronze, e convertido
Em raios de Vulcano atroa os montes.

Mas ai! que já do Tejo os horizontes
Se vêem escurecer! Já deixa a praia
Aquele Herói saudoso, que se ensaia
De verdes anos a ganhar vitórias!
Já nos demanda e busca: nas memórias
Seu nome impresso guardarão as Minas.
Oh! e de que influências tão benignas
Seu governo não é! Ao conquistado
Quanto de novo tem acrescentado!
Domésticas aldeias reconhecem
A proteção do Rei; já obedecem
As distantes regiões; vem o Tapuia
Do escuro Cuieté, ou do Urucuia