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OS SIMPLES

Em casal de serras arde o castanheiro,
Lampada de pobres a fazer serão;
De redor do grande, festival braseiro,
A velhinha, o velho, o lavrador trigueiro,
A mulher, os filhos, o bichano e o cão.

Queima-se o gigante, rude centenario,
Que jamais os astros hão-de ver florir...
E do seu cadaver o esplendor mortuario
Faz d'essa choupana quasi que um sacrario
Com uma alma d'oiro dentro d'ella a rir!...

Tem o velho ao colo o seu netinho doente;
– Morte negra, foge do telhado, ó, ó... –
E no lar as brasas simultaneamente
Dizem para o anjo: – tudo é oiro ardente...
Dizem para o velho: – tudo é cinza e pó!...