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Lembras-te ainda dos felizes dias,
Que deslisámos, antes de trocares
Pela patria dos anjos, que hoje habitas,
    A sombra de teus lares?...

Oh! quem me dera ver essas campinas,
De que me afasta tão fatal distancia,
E ver os céos, onde sorrio-me a estrella
    De minha leda infancia!...

E a fonte, e o musgo, aonde te sentavas
A’ sombra do florido limoeiro,
Ouvindo o trepidar harmonioso
    Do proximo ribeiro;

E os vargedos sem fim, onde alvejava,
— Em meio dos vergeis quasi encoberto, —
Teu lar ditoso, — ninho de alva pomba
    Em meio do deserto;

E do bosque a avenida solitaria,
— Tão grato asylo ao timido recato, —
E essa agreste alpondra, em que brincando
    Saltavas o regato.