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venhas; deixa-me que vá rezar sobre a sepultura de minha mãe, e...

— Levem-na! – bradou o implacável comendador. – Mais tarde confessarás tudo.

— Meu filho, – de novo começou o padre – o sangue do inocente condena ao inferno aquele que o derrama: esta mulher não é cúmplice na fuga de vossa desposada.

Um negro entrou correndo, e disse-lhe:

— Meu senhor, acabo de saber que a senhora, acompanhada de um cavaleiro branco, e de um outro negro, tomou a estrada da cidade de ***.

Então um sorriso infernal lhe arregaçou o lábio superior, e seu rosto ficou hediondo.

— Levem-na! – tornou acenando para Susana – Miserável! Pretendeste iludir-me... saberei vingar-me. Encerrem-na na mais úmida prisão desta casa, ponha-se-lhe corrente aos pés e à cintura, e a comida seja-lhe permitida quanto baste para que eu a encontre viva.

Susana ouviu tudo isto com a cabeça baixa; depois ergueu-a, fitou aos céus, onde a aurora começava a pintar-se, como se intentasse dar à luz seu derradeiro adeus, e de novo volvendo para o chão, exclamou:

— Paciência!

— Não há tempo a perder – disse Fernando, e entrou no seu gabinete, onde deu ordens, que para logo se cumpriram. Dois homens, de hórridas fisionomias, foram introduzidos, e o que lhes disse o comendador, só Deus e eles o puderam ouvir.

Não se passou muito tempo, que não voltassem: eram ligeiros e vinham vestidos como talvez lhes tivesse ordenado o homem, a quem serviam.

Tinham excelentes