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Questão de vaidade/VII

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Passaram-se quinze dias depois das cenas que acabo de contar.

No dia seguinte ao do baile, Eduardo foi visitar Maria Luiza; encontrou-a na sala com a mãe. Eduardo, como sempre, entrou com o sorriso nos lábios. Maria Luiza estava magra e tinha os olhos pisados. Ia perguntar o motivo daquele abatimento, quando a viúva, dizendo-se incomodada, pediu licença e retirou-se.

Eduardo esteve meia hora na sala conversando com a mãe de Maria Luiza, que lhe respondia por monossílabos. Finalmente, despediu-se e saiu.

Estava humilhado.

— Que aconteceria? perguntava ele. Ontem saíram do baile sem me falarem. Hoje tratam-me deste modo. Que haverá?

De reflexão em reflexão, de recordação em recordação, Eduardo pôde atinar com o motivo do desdém que recebera em casa de Maria Luiza.

Lembrou-se de ter visto a viúva e a donzela saírem do toilette, lívidas e abatidas. Lembrou-se das lágrimas derramadas durante o canto no piano. Descobriu tudo.

— Que diabo! pensava ele. Como hei de desenlaçar esta meada? Convencê-las é impossível; o melhor é iludir a questão. Mas como? Irei a Sara... Mas terei lá a mesma recepção? Oh! É demais! Não! isso não! Maria Luiza não pode recusar uma carta minha. É isto. Escrevo-lhe. No papel posso dizer mais facilmente aquilo que convier; tenho a faculdade de rabiscar, alterar, adoçar, enfeitar, como me parecer, as palavras...

Eduardo entrou em casa disposto a escrever três cartas. Uma à mãe da viúva, endereçando-lhe outra para a filha, de cujo amor ela estava ciente. A terceira carta era a Pedro Eloy, contando-lhe a ocorrência e pedindo-lhe um conselho. Ao mesmo tempo respondia à carta anterior.

O conteúdo das duas primeiras era uma série de frases ocas, habilmente grupadas, em que Eduardo protestava o mais respeitoso amor por Maria Luiza; quanto ao episódio do baile e ao amor de Sara, foi o mais sucinto que pôde, dando uma desastrada explicação ao sentimento alegado pela filha de Almeida.

Era, dizia ele, um serviço que prestava a uma menina, cujo coração inexperiente se deixara apaixonar por ele. Não queria desenganá-la; entretinha, por sua aquiescência, um amor sem alcance.

Mandou as cartas, mas nenhuma resposta obteve nesse dia nem nos dias seguintes. Desesperou. Passava muitas vezes em frente da casa de Maria Luiza; mas não via ninguém; as janelas estavam, as mais das vezes, cerradas.

Quanto a Sara, Eduardo com o receio de sofrer a mesma recepção, não foi lá, esperando uma visita do pai ou do tio Silvério. Embalde esperou. Era demasiado o desdém para que um coração vaidoso como o de Eduardo se resignasse. Doía-lhe o desdém, ardiam-lhe desejos de vingança. A vaidade, que até ali se empavesara com o amor das duas mulheres, doía-se, agora, ressentia-se, pedia desforra. Ora, a vaidade quando domina o coração do homem (e na maioria dos homens acontece assim) não deixa atender a nenhum sentimento mais, a nenhuma razão de justiça.

Era, assim, atado a esta fogueira interior, como Eurico atado ao próprio cadáver, que Eduardo passava os dias e as horas, sem ver nem procurar ninguém.

Quanto à carta escrita a Pedro Eloy, resume-se em pouco. Ei-la:

“Meu amigo,

“Turba-se o horizonte. Aconteceu o que previas e eu não previa. As duas sabem hoje do meu amor por ambas. Zangaram-se! Era bom se fosse só isso. Creio que adoeceram. Tamanho desencanto não as podia conservar no estado normal.

“E isto tudo por um diabo, como eu. Diabo, sim; não digo brincando; mas um diabo compassivo que ainda as estima e deplora.

“Que queres? Sou feito assim. Tenho um coração evangélico; e não posso ver sofrer, e sobretudo sofrer por minha causa.

“Foi o caso. Não sei que fatalidade as levou ambas ao baile do conselheiro C... Aí, deram-se, comunicaram uma à outra os seus sentimentos e naturalmente foram além do que deviam ir, descobrindo a coroa. A coroa sou eu. E demitiram-se os meus ministros...

“Falemos sério; penalizam-me estas ocorrências.

“São duas mulheres dignas do respeito e do amor que eu lhes votava. Tenho a culpa de que as adorasse do mesmo modo e no mesmo grau? Se há culpa nisto, é da natureza.

“O que é certo é que não me querem receber e curvam-se a uma dor que me lisonjeia, mas que me entristece.

“Que devo fazer? Como reconciliar estes dois sentimentos e o meu orgulho, porque enfim eu não quero esquecer, no meio de tais fatalidades, que recebi do berço um dever de zelar a minha própria dignidade.

“Aconselha-me e acredita-me.

Teu Eduardo”.

Esta carta, como as outras, não teve resposta.

Vejamos agora o que se passou nas duas mulheres a quem Eduardo bafejara com o hálito da desgraça.

Maria Luiza chorou muito durante o resto da noite do baile.

E quando a manhã rompeu, Maria Luiza estava à janela, chorando ainda em silêncio. Sentia-se duas vezes viúva; legal e moralmente. Os sonhos do futuro, as esperanças de sua felicidade sem igual, fora tudo um castelo de cartas que desabou ao sopro de uma criança.

Era dia claro. Maria Luiza julgou dever curtir a sua dor e mostrou-se alegre.

Não queria magoar a mãe. Banhou os olhos o mais que pôde e deixou o quarto. Sua mãe a esperava para almoçar. Vendo-a triste, perguntou-lhe se estava doente. Respondeu que se sentia fatigada. A mãe não insistiu. Durante o almoço, a boa velha, para alegrar a filha, e distraí-la dos incômodos que dizia ter, falou-lhe de Eduardo, das comoções que ambos deviam ter tido na noite anterior, dos projetos do futuro.

O assunto não era próprio para alegrar Maria Luiza. Respondendo por monossílabos, e interrompendo a conversa com assuntos diferentes, Maria Luiza procurava desviar o espírito de sua mãe. Enfim, algumas vezes não podia deixar de enxugar furtivamente uma lágrima. A velha reparou e perguntou-lhe por que chorava.

— Por nada, respondeu a viúva.

— Não é possível.

— Por nada, afirmo-lhe.

— Não é possível. Ah! não estás cansada, estás triste; tens alguma coisa que te faz sofrer. Dize o que é... Não sou tua mãe?

— Minha mãe!

E Maria Luiza escondeu o rosto no seio da velha.

— Vamos lá! disse esta. O que é?

— Ah! tenho vergonha...

— Vergonha de quê?

— Eduardo não me ama!

— Ah!

— Não me ama, porque ama a outra.

— Quem?

— Sara, aquela que cantou ontem, ao pé de mim, e que a todos comoveu. Ambas nos confessamos.

Maria Luiza repetiu tudo quanto acontecera no baile. A pobre mãe estava comovida, triste, desesperada, ouvindo a narração que Maria Luiza lhe fazia entre lágrimas de desespero e de dor.

Mas, que podia fazer a mãe da pobre moça? Uma só coisa: dar-lhe uma consolação maternal e auxiliá-la em esquecer o ingrato. Quando veio a carta de Eduardo achou ela que devia responder, sobretudo porque nos termos da carta parecia estar provada a inocência de Eduardo. Maria Luiza foi inflexível; disse que não se devia dar resposta alguma. Ah! é que naquele coração, ao lado de um grande amor e de um grande desespero, havia um grande orgulho!

Quanto a Sara, eis o que passara. Não temos necessidade de ir até à casa de Almeida; o tio Silvério nos instruirá de tudo.

Um dia, de tarde, justamente quinze dias depois do baile, Eduardo estava à janela de sua casa quando viu passar o tio de Sara.

Chamou-o e fê-lo subir, apesar dos protestos de ir apressado.

— Ora tinha que ver! disse Eduardo indo receber Silvério. Não vê que o deixava passar sem dar dois dedos de conversa!...

— Mas é que tenho pressa.

— Qual pressa! Sente-se um pouco. Em descansando, ganha novas forças, e ei-lo que aí vai mais lesto ao seu destino.

— Vou para casa, disse Silvério aceitando a cadeira que Eduardo lhe oferecia, e fazendo uma careta à parte como homem contrariado.

— Toda a família está boa?

— Está.

— É o que se quer. Vai então tudo bem?...

— Tudo, não é exato...

— Pois há alguém doente?

— Há.

— Quem é?

— Minha sobrinha...

— Deveras?

— É verdade.

— Que doença?

— Eu sei! Adoeceu no dia seguinte ao do baile; veio um médico e a primeira coisa que fez foi obrigá-la a conservar-se de cama.

— Depois?

— Depois, examinou-a e deu não sei que nome à moléstia, mas afirmou que não era aquela a principal.

— Então há outra?

— Há.

— Qual é?

— Diz o médico que é uma doença moral. Lá levaram tempo imenso a consultá-lo. Ela nada disse, isto é, não sei; não sei; não sei; só sei que aquilo é a nossa desgraça, porque, se ela nos morre, é como se nos fosse a vida, a alegria da casa... Adeus, Sr. Eduardo, não posso demorar.

Eduardo ouvira estas palavras com certa comoção. Quando Silvério se levantou e se preparava para sair, Eduardo balbuciou algumas palavras. Era um anjo que o inspirava; ia talvez sanar tudo com uma promessa.

Em um instante viu ele que se constituía o remédio supremo para a enfermidade moral de Sara. Mas, enfim, o ente gredin, que, como diz A. Karr, todo o homem tem em si, desfez a obra do ente honesto, Eduardo estendeu a mão a Silvério e pediu que o recomendasse à família.

Silvério desceu cabisbaixo e triste as escadas da casa de Eduardo. Quando se viu só, Eduardo refletiu na situação em que se achava. Das duas mulheres que ele requestara tão seriamente e cujas esperanças honestas alimentara com tanta perseverança, uma tinha morta a alma, a outra tinha morta a alma e o corpo. Em seu coração, travou-se uma grande luta, entre o remorso e a vaidade. O dever dizia-lhe que reparasse o maior mal, se não podia reparar todos os males, mas um sentimento de amor-próprio, vão, cruel, imoral, retinha-lhe os sentimentos bons e os impulsos generosos.

Nesta luta esteve toda a noite. Quis dormir, não pôde; mal fechava os olhos surgia-lhe o espectro de Sara pedindo contas do coração que iludira e da vida que estrangulara.

Enfim, sobre a madrugada pôde conciliar o sono. Eram nove horas, quando se levantou. Quem olhasse para ele, daí a meia hora, reconheceria que o sentimento do dever triunfara, ao menos momentaneamente.

Eduardo vestiu-se e saiu. Tomou um tílburi e dirigiu-se para a ponte das barcas.

Destinava-se a S. Domingos. Ia decidido a falar à moça, mesmo à custa do seu amor-próprio.

A demora do vapor o contrariou. Tardava-lhe ver-se junto do leito da moribunda para dizer-lhe:

— Vive!

Ora, a moribunda estava realmente moribunda.

Mas quem a visse não suporia que a morte se avizinhava tanto dela. Tinha o rosto e os olhos serenos. Sorria mesmo ao pai, ao irmão e ao tio, mas com o sorriso de quem entrevê as glórias eternas e já as compara às glórias perecíveis desta vida.

O cortinado branco do leito parecia que amparava da luz um ente que chegava ao mundo e não um ente que se ia dele, desgostoso e desiludido.

Em uma pequena mesa ao pé da cama havia um copo d’água, uma cruz de ouro, a do baile, e uma rosa branca seca. Esta rosa era a que Eduardo dera a Sara em troca de outra à porta do jardim. Sara, de tempos em tempos, voltava os olhos para a flor, ficava muda e entrava a contemplá-la. Nessas ocasiões, o pai da doente procurava distraí-la com algum outro objeto, temendo que na contemplação da flor se lhe avivassem as lembranças do amor que a matava.

Foi em uma dessas ocasiões, que Almeida se lembrou de uma notícia e disse a Sara:

— Minha filha, vais ter uma visita.

— Quem é?

— Adivinha...

— Não sei, disse Sara sorrindo.

— D. Maria Luiza.

Este nome fez estremecer Sara. O pai dava-lhe maior sofrimento procurando tirar-lhe outro menor. Com efeito, a flor lembrava a Sara o tempo feliz dos seus amores; o nome de Maria Luiza lembrava-lhe a traição de Eduardo. Reconhecendo o que fizera, Almeida procurou diminuir o efeito.

— Verás como ela soube resignar-se... Espero que o exemplo te sirva, e que das suas palavras colhas uma lição e um conforto, e finalmente que vivas... Ouviste? que vivas!

Sara sorriu-se.

Houve um silêncio.

Depois, passando a mão pela cabeça, pediu água.

Deram-lha.

— Estás melhor, não, Sara? perguntou Almeida. Olha, é preciso, é preciso; fazes anos amanhã. Quero que presidas à mesa... sim?

— Estou melhor, estou, meu pai. Mas, diga-me, como sabe da visita de Maria Luiza?

— Passei ontem lá e subi. Não sabia ainda que estavas doente. Quando lho disse, ficou muito pesarosa. Depois, disse-me que viria cá fazer-te uma visita.

O resto do dia passou-se sem novidade. Sara não saía daquela serenidade, mas realmente não era para a vida, era para a morte que caminhava.

Enfim, no dia seguinte, isto é, no dia em que Eduardo resolvera ir salvar a moça, aparecem, à porta de Almeida, Maria Luiza com sua mãe.

Sara recebeu a sua rival, ou antes a sua co-mártir, como se fora uma irmã querida, por quem se espera para morrer. Maria Luiza chorou muito; e, por uma inversão dolorosa dos papéis, era Sara quem consolava a viúva.

— Mas é por ti que eu choro, meu anjo! dizia Maria Luiza.

— Por mim?

— Sim, por ti, que não tens coragem, que te quebraste ao primeiro embate da vida...

— Não digas isso... Eu estou boa... Nada tenho... Sofri, é certo; mas passou... Olha, faço hoje anos... Hás de jantar comigo... Vou levantar-me logo... Verás... Verás... Senta-te...

Maria Luiza olhou com olhos rasos de lágrimas para a pobre moça.

— Ainda bem, minha filha, disse Almeida procurando sorrir, ainda bem que te mostras assim. Isso é que eu quero. Não te importes com os males da vida; todos sofrem; mas faze como fazem muitos: fica sobranceira a tudo.

— Dezessete anos! murmurava a viúva... É a aurora da vida...

As duas conversaram largamente. A mãe de Maria Luiza e o pai de Sara deixaram o quarto; as duas podiam folgadamente falar do que as tornara infelizes. Era assim mais fácil a Maria Luiza inspirar a Sara os sentimentos de coragem e sobranceria a que ela própria devera não ter sucumbido. Chegou mesmo a aventurar uma idéia de vingança com satisfação do coração ofendido.

Mas aqueles dois corações, que concordavam em um ponto, não se entendiam naquele.

Sara não era feita para resistir a uma comoção como a que a prostrara. Ouvia sorrindo Maria Luiza, mas abanava a cabeça a tudo. E quando a viúva, para decidi-la mais, lembrava-lhe que poderia sucumbir deveras, Sara respondia que estava perfeitamente boa e não podia inspirar cuidados a ninguém. Esta resistência aos que a chamavam à vida comovia ainda mais. Só havia um meio, talvez, de salvar Sara: era a presença e o amor de Eduardo.

Esta idéia passou rápida pelo espírito de Maria Luiza. A nobre mulher não discutiu consigo nem o ato, nem as conseqüências, nem o seu coração. Adotou o pensamento como se fora inspiração do céu.

Maria Luiza amava realmente Eduardo. Desiludida, sofreu muito, e só deveu ao orgulho e à energia do seu coração não ter, como Sara, sucumbido ao desespero. Mas os grandes sentimentos do seu coração não eram só o do amor e o do ciúme. O ato que ia praticar era de uma alma nobre, educada no culto do dever e do sacrifício. Naquele instante, ela via diante de si uma pobre menina que sofria, e morria por aquele mesmo que a fizera sofrer. Compreendia bem a medida desse sofrimento. A viúva procurou sondar o espírito da enferma:

— Ora, dize-me, se visses Eduardo, o que farias?

— Se o visse? É impossível.

— Impossível, por quê?

— É impossível.

— Ora, não digas isso. Mas se o visses, se ele viesse agora, hoje, e te dissesse: Vive?

— Não vem e não diz...

— Por quê?

— Por que não me ama.

— Quem sabe?

— Oh! Nem me ama, nem te ama.

— Só por isso?

— E também porque nós o amamos.

— Eu não.

— Não?

— Não.

A moça abanou a cabeça murmurando:

— É inútil.

Maria Luiza procurou meio de escrever a Eduardo; e conseguiu traçar à pressa, em um quarto de papel, as seguintes palavras:

“Quer o perdão que me pede? Sara está às portas da morte; venha, diga-lhe que a ama, peça-a e case daqui a um mês. Está perdoado.

Maria Luiza.”

O portador que levou este bilhete encontrou Eduardo na ponte das barcas da corte.

Eduardo, ao ler o bilhete da viúva, sentiu-se humilhado. Enganara duas mulheres; uma morria de pesar, outra pedia-lhe que a salvasse, sacrificando-se; entre aquelas nobres almas, a alma de Eduardo sentia-se abatida. Não se deteve mais; tomou a barca, que partiu dali a cinco minutos.

Logo depois de partir o portador do bilhete, entrou o médico na casa da doente. Achou-a muito pior, e disse-o francamente à família.

Que fazer? Tudo o que foi preciso, fez-se. Maria Luiza, ajoelhada diante de um oratório, pedia a Deus duas coisas: que prolongasse a vida de Sara por algumas horas e apressasse a chegada de Eduardo.

Foi inútil. Sobreveio uma crise à enferma, e após a crise o médico desesperou.

Entretanto, Sara, com o sorriso nos lábios e o olhar sereno, dizia alguma palavra em voz já muito fraca, mas com a segurança de quem está certa de ir para uma morada melhor.

Maria Luiza pedia-lhe que vivesse; dizia-lhe que Eduardo não tardaria; o pai a um canto não tinha forças para ver, para pedir, nem chorar; estava atônito.

— Não, dizia ela, ele não vem. E que venha, sei que não me ama, e sem me amar não o quero.

O médico fez vir o sacerdote.

Quando este chegou, Sara, com os olhos fitos, como que vendo já abrir-se-lhe o céu, pediu a Maria Luiza que lhe desse a rosa seca que estava sobre a mesa.

Maria Luiza deu-lha.

— Desejo esta flor, porque me lembra o amor que eu supunha ter achado; é o homem de ontem que eu choro! é por ele que morro; o de hoje não é senão a sepultura do de outrora, que morreu.

Houve um silêncio.

Almeida chegou-se à filha, a fim de prepará-la para a confissão.

Sara estremeceu.

Depois, voltando-se para Almeida, disse:

— Meu pai, abençoe-me. E tu também, minha irmã.

Depois, estava no céu.