Refutação de todas as heresias/IV/VII

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Deste modo também, que estes pontos não merecem muito trabalho, é evidente àqueles que preferem pensar corretamente, e não acreditar na bomba caldéia, que entrega monarcas para a total escuridão, ao desenvolver covardice[1] neles, e incitando indivíduos reclusos a ousar fazer grandes aproveitamentos. Mas se alguém, rendendo-se ao mal, é culpado da delinqüência, e assim sendo enganado, se torna um mestre àqueles que os caldeus estão dispostos a enganar com seus erros. (Longe disso); (estes astrólogos) impelem as mentes (de incautos, como esperado), em perturbação interminável, (quando) afirmam que uma configuração de mesmas estrelas pode não retornar a uma posição similar, diferente do renovo do Grande Ano, através de um espaço de 777 anos[2]. Como então, eu pergunto, será que a observação humana de um nascimento estará harmonizada com tantas eras? E não apenas isso, (mas muitas vezes, quando alguns falam sobre uma destruição mundial, poderia coincidir com o Grande Ano; ou uma convulsão terrestre, mesmo que parcial, poderia quebrar a continuidade da tradição histórica)[3]? A arte caldéia deve ser necessariamente refutada por um grande número de argumentos, apesar de que nós lembraremos (de argumentos passados) (nossos leitores) de acordo com as circunstâncias, não peculiarmente de acordo com a arte em si mesma.

Já que, entretanto, nós escolhemos não omitir nenhuma das opiniões postuladas pelos filósofos gentios, contando as desonestidades notórias dos heréticos, veremos também que eles também tentaram propor doutrinas em relação a dimensões - que, observando o trabalho inútil da maioria (dos especuladores), em que cada um criar suas próprias falsidades de maneira diferente e alcançam celebridade, ao terem se aventurado a fazer grandes afirmações, na medida em que são idolatrados por aqueles que louvam suas mentiras estapafúrdias. Estes admitem a existência de círculos, medidas, triângulos, quadrados, tanto em duas quanto em três dimensões. Sua argumentação, porém, a respeito deste assunto, é extensiva, ainda que não seja necessário ao tema que nós temos trabalhado.

Notas[editar]

  1. O abade Cruice sugere "evadir-se do perigo", ao invés de "covardice", e traduz assim: "pela qual reis são escravizados, sendo punidos nas predições destes videntes".
  2. Sextus apresenta o número 999.
  3. As idéias intercaladas foram tiradas de Sextus Empiricus e introduzidas pelo abade Cruice. Schneidewin alude a uma passagem em Sextus como prova de que há uma confusão no texto de Hipólito, "Eu creio que há alguma deficiência ou omissão", que ocorre em vários manuscritos.