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Refutação de todas as heresias/V/XVI

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Essas e outras afirmações similares são feitas (pelos setianos) em seus comentários intermináveis. Eles persuadem seus discípulos a estudarem a doutrina da composição e mistura. Esta teoria tem ocupado a mente de muitos, incluindo Andrônico, o peripatético. Os setianos afirmam, então, que a teoria a respeito da composição e mistura é constituída de acordo com o seguinte método: o raio luminoso de cima é misturado, e a pequena chama é delicadamente colocada na escuridão das águas abaixo; e (ambos) se unem, e se tornam uma massa composta, assim como muitas oferendas de incenso queimado, e para um adepto, tendo um olfato sensível, deve distinguir cada (ingrediente) pelo odor - por exemplo, estoraque, mirra e oliano, ou qualquer outro (ingrediente) que possa ser misturado (no incenso). Porém eles usam outras misturas, dizendo que há bronze misturado com ouro, e que separá-los é uma arte. E é da mesma forma com estanho e bronze ou qualquer outra substância homogênea que possa ser msiturada com a prata, fazendo-se a distinção. Também deve se distinguir a água misturada com o vinho[1]. Assim, dizem eles, mesmo que todas as coisas estejam misturada, há como separá-las. Eles derivam a mesma lição dos animais. Porque quando um animal morre, cada parte é separada; e a decomposição acontece até o animal desaparecer. Isso, para eles, e o que foi falado: "Eu não vim trazer paz, mas espada"[2] - isto é, a divisão e separação das coisas que foram juntadas. Porque todas as coisas que foram misturadas são dividas quando elas chegam a um determinado lugar. Assim como há um lugar para juntar para todos os animais, também há um lugar para separar. E, dizem eles, ninguém sabe desse (lugar), a não ser aqueles que nasceram de novo, não carnal mas espiritualmente, cuja cidadania está nos céus.

Dessa forma eles corrompem seus alunos, parcialmente ao usar erroneamente suas (próprias) palavras, enquanto eles malignamente pervertem o que foi dito (pelas Escrituras), para servir aos seus próprios propósitos; e parcialmente ao ocultar suas condutas nefastas, por meio de comparações variadas. Eles dizem ainda que todas as coisas que foram unidas, possuem seu lugar particular, e vão em direção a substância própria, como o ferro vai em direção ao ímã, e o ouro à ambição[3]. Da mesma forma, a o raio[4] de luz que foi unido à água, obtendo disciplina e instrução no lugar próprio, vai em direção ao Logos que vem de cima em forma de servo; e para o Logos existe um lugar que ele fica parado.

E todas as coisas, dizem eles, são assim, unidas e separadas em lugar próprio. Há na Pérsia, em uma cidade chamada Ampa[5] próximo ao rio Tigre, que tem um poço; e próximo ao poço, na parte mais alta, foi construído um certo reservatório, suprido com três passagens de água; e quando uma passagem recebe a água do poço, colocando em um vaso, ele permaneçe lá. E na primeira passagem é exibido um composto de sal, e no segundo, asfalto, e no ter terceiro, óleo; e o terceiro, de óleo, é negro, como dito por Heródoto[6], e há um forte cheiro, sendo chamado pelos persas de "rhadinace". Este poço é considerado pelos setianos como uma figura de suas afirmações, analisadas anteriormente.

Notas

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  1. ὕδωρ μεμιγμένον οἴνῳ διακρίνει; o texto de Miller é ὕδωρ μεμιγμένον αἰνωδία κρήνη, que está obviamente ilegível. Sua complementação pode ser traduzida como : "E deve se observar a água de uma nascente, misturada: e mesmo que tudo esteja misturado, há como separar."
  2. Mateus 10:34
  3. κέντρῳ. Em outras passagens a palavra é κερκίς, "as costas do falcão do mar".
  4. Ou "poder".
  5. Ou "Ama".
  6. Heródoto, vi. 119.