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Menina, pois sois fermosa,
Não sejais despiadosa.
Que não parece razão,
Tendo tanta perfeição,
Que tenhais a condição,
Tão esquiva e desdenhosa.
Não sejais despiadosa.
Por vós de mim esquecido,
Ando tão triste perdido,
Que tomara por partido,
Não vos ver ser tão fermosa.
Vira-vos mais piadosa.
Não sei já como vos veja,
Que para meu mal não seja,
Se rides matais d'inveja,
Se por caso estais irosa.
Sois muito mais perigosa.
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(Versão do Cancioneiro de Paris)
Senhora, pois sois fermosa,
Não sejais despiadosa.
Que não parece rezão,
Tendo tanta perfeição,
Que tenhais a condição,
Tão esquiva e desdenhosa.
Não sejais despiadosa.
Tenho-vos no meu sentido,
E sou por vós tão perdido,
Que tomara por partido,
Não vos ver ser tão fermosa.
Não sejais despiadosa.
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