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Uma Campanha Alegre/I/XXVIII

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Setembro 1871.

Esta hesitação, entre o tombo e a cólica, mantém o espírito do viajante num estado delicioso de palpitação e vibração. E como quando se joga, numa última volta de roleta, a última placa de uma herança! Apaixona mais que ler Os Três Mosqueteiros! Suscita os tremores de perigo e de transe que só dá uma ascensão ao Monte Branco! Talvez estar para ser fuzilado não cause tanto alvoroço! E a intenção da Companhia é evidente.

As travessas podres, os rails gastos e desaparafusados, os túneis mal seguros, as pontes rachadas, os aterros que tendem a desabar, os desaterros que tendem a esboroar, as máquinas cansadas, o serviço desleixado, as refeições envenenadas, tudo, tudo, até as demoras, os atrasos, a confusão, tudo converge para o mesmo legítimo fim - comover fundamente o viajante, dar-lhe sensações supremas!

Parece-nos pois que alguns conselhos à companhia não podem deixar de ser por ela recebidos - não diremos de braços, mas de rails abertos. Assim, por exemplo, seria de todo o ponto dramático e excitante, espalhar pela estrada destacamentos de bandidos que espingardeassem o comboio. Outrossim, meter em cada carruagem um lobo esfomeado, parece-nos um meio eficaz de impedir que o viajante tenha ocasião de se enfastiar. E enfim, como meio de produzir a mais aguda impressão, devia ter a companhia em cada estação empregados, que, ao parar do comboio, se aproximassem do passageiro, e delicadamente, com todo o respeito - lhe cravassem uma navalha na ilharga! E a viagem ficaria deste modo marcada com indeléveis encantos e cicatrizes!

Jornadear nos caminhos-de-ferro portugueses de Norte e Leste, é. a todos os respeitos, uma aventura cheia de emoções. Correndo sobre os rails, há para nos interessar e excitar - a probabilidade do descarrilamento; parados, no bufete das estações, há, para nos estimular com uma sensação mais forte ainda - o envenenamento a 500 réis por estômago.