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CANTO VII.
217

Mal pôde articular: – Piedade, Aimbire!
Tem compaixão de um pai.

    « De um pai, tu dizes?
Eu tambem tive um pai; e tu, malvado,
Delle e de mim piedade não tiveste.
Dentro desta igaçaba jaz seu corpo
Pedindo o sangue teu. »
    – Porque? A vida,
Não a morte, lhe eu dera, si podesse.

« Sim, porque elle vivendo te servira,
E eu inda hoje seria teu escravo.
Escuta: quando tu p’ra aqui vieste,
Ha muito tempo já, mulher eu tinha
Tão bella como a lua que estás vendo,
Tão joven, delicada, e tão mimosa
Que outra esposa qual ella não havia;
E um filho me devia dar bem cedo,
Do nosso terno amor primeiro fructo.