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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Pesava-me a cabeça. Eu não podia
Por mais que me voltasse achar repouso.
Lavado de suor, tinto de sangue,
Furioso por me ver entre inimigos,
Sem saber qual seria o meu destino,
Resolvi-me a morrer, ou a salvar-me.
O guarda, que a meu lado passeava,
Parecia do somno ameaçado;
Bocejava a miudo, e a cada passo
Olhava para mim, como si eu fosse
Quem vigilante o somno lhe impedisse.
Não movi-me; e elle logo se encostando
N’um grosso tronco, que o trovão vomita,
Depressa adormeceo. De leve ergui-me;
Facil foi-me o passar p’ra adiante os braços,
E os fortes laços desatar co’os dentes.
Tomei-lhe esta arma, que a seu lado estava;
Já quasi acordando, ao mar lancei-o;
E eu após, p’ra evitar maior ruído,
Descí por uma corda, cahi n’agua,
E nadei p’ra o rochedo mais visinho.
Fui visto, e inuteis raios dispararam