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Em toda a parte, em todas as épocas, a mulher tem despendido no cultivo da terra uma grande parte do seu trabalho, mas a sua acção, obedecendo ás leis pesadas que fazem o predomínio da fôrça, tem sido mais trabalho de servidão do que consciência de deveres e direitos.

Todos os que conhecem no nosso país o trabalho agrícola, sabem quanto a mulher é utilizada para o serviço da cultura e principalmente das colheitas, sabendo tambem quanto o seu labor é desprezivelmente pago, mesmo que se iguale ao do homem.

Nas regiões de forte emigração masculina, como o Minho, todo o trabalho agrícola está a cargo da mulher, sendo apenas para lamentar que ela persista sem educação nem orientação scientífica na rotina duma cultura que não se harmoniza já com as necessidades da vida moderna.

E o que dizemos do Minho pode da mesma forma aplicar-se ao Algarve, ás Beiras e a Traz-os-Montes, como a todas as regiões em que a pequena propriedade rural, sem o laço benéfico do cooperativismo civilizador e inteligente, não deixa ao trabalho do homem campo onde desenvolva as suas aspirações de fortuna.

Ao tomarmos para nós o encargo de trazer a êste congresso uma tese de tamanha responsabilidade, não pretendemos impelir a mulher para um campo de acção que esteja fora da tradição e dos hábitos femininos, porque sempre o trabalho agrícola tem sido desempenhado pelo nosso sexo em condições