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Sempre que o nosso povo atravessa uma crise em que julgam que já desfalece e vai perecer, e em que as aves agoirentas começam a grasnar as suas litanias, volta-se para si próprio, mergulha bem fundo na alma extraordinária da mais persistente e mais forte das raças, e ressurge mais môço, mais enérgico, mais capaz de lutar e triunfar.

Que importa que o abandonem alguns que por instantes tinham sido elementos uteis, achando o fio e dobando algumas braçadas com inteligência ?

Os homens passam e são esquecidos, e o trabalho ficou e será aproveitado, porque pertence á colectividade.

Na bela obra de etnografia artística, que representa alguns capítulos soberbos das Farpas, Ramalho Ortigão refere-se com interessado carinho á industria moribunda dos nossos lindos tapêtes de Arrayolos.

Foi ha muitos ânos na leitura das Farpas que vimos a primeira referência a essa industria, que tão esquecida ia já da nossa terra.

Mais tarde, na orientação que felizmente pudémos imprimir ao nosso espírito, não só conhecêmos e apreciámos o encanto da industria artística, como nos foi dado possuir alguns exemplares autênticos dêsse trabalho lindíssimo em que tantas mulheres ocuparam o tempo e apuraram o gôsto, num passado que não póde sêr esquecido nem renegado, porque teve, como tudo na vida, o seu lado bom.

Lendo numa revista francêsa um artigo que se