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refere á obra dum benemérito, mr. Fenailles, sôbre a criação da actual industria dos tapêtes de Aveyron e o modo como por ela resolveu o problema de evitar a emigração para as grandes cidades e dar trabalho, em casa, ás raparigas pobres, a idéa veiu-nos bem nítida do que se deve fazer para ressuscitar no Alentejo uma industria artística, que poderá ser, como factor económico e social, mais e muito mais do que a francêsa, porque repousa em bases seguras dum passado que ainda se não extinguiu completamente.

Para realizar o seu intento fundou mr. Fenailles uma escola onde as alunas, tendo casa, cama e mêsa gratuitas, aprendem o fabrico dos tapêtes que primeiro mandou aprender por senhoras de competencia nas manufacturas da Argelia.

Depois de profissionalmente aptas a trabalharem sós, é-lhes fornecido o bastidôr, o modêlo do tapête, a lã necessária e todo o material preciso para exercerem o seu labôr no domicílio, sendo-lhes os utensílios e materiais descontados em pequenas prestações. E é o próprio fundador da oficina que se encarrega da colocação dos produtos, pagando-os, logo que lhos entregam.

É isto, muito por alto, o que nos diz a notícia e ao lê-la esboçou-se bem claro no nosso espírito o que havia a fazer com as industrias nacionais dos tapêtes de Arrayolos, com os interessantes trabalhos transmontânos de tecelagem em relêvo, com as rendas e bordados diversos e todas as demais industrias regionais, tornando-as, como se fez ás