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rendas de Peniche e aos linhos de Guimarães, verdadeiras industrias de exportação.

O que mr. Fenailles fez na sua localidade já em Portugal se fazia ha séculos, sendo os conventos as caladas oficinas onde se imitavam com perfeição os tipos de tapeçarias orientais, sem dúvida riscos trazidos das nossas íntimas relações comerciais com o Oriente.

Esperêmos que a iniciativa municipal, com a sua influência directa sobre as escolas industriais distritais, ou algum particular inteligente e patriota, faça de nôvo ressurgir essa industria caseira dos tapêtes de Arraiólos, artística e luxuosa, que foi o encanto do baixo Alentejo. É necessário dar a esta província silenciosa, no seu viver tão calmo e simpático, e no seu orgulho forte de independência, o laço íntimo que prenda cada vez mais á terra, que tanto dêles necessita, os corações dos seus filhos.

Para isso é preciso que a mulher encontre o ideal no trabalho caseiro, e possua a clara visão do futuro que a espera a dentro do âmbito da família, que prepara a sociedade.

A mulher do Alentejo — que detesta a agitação nervosa da sua colega das Beiras e Algarve e não sente a acicata-la a ambição aventurosa da nortista persistente em seus desígnios de abelha laboriosa — está naturalmente indicada para a realização dêste projecto.

A alentejâna, sonhadôra e pacífica, poderá ser extremamente feliz, passando as mãos delicadas por sobre a téla florida donde surgirão os mais for-