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É mais na cor, por ser branca — respondeu Emília.

O Visconde deu uma risada gostosa.

— Oh, santa ignorância! — exclamou em seguida. — As violetas roxas são roxas por terem nas pétalas pigmentos roxos. As violetas brancas são brancas por não terem pigmento nenhum. Pergunto eu: quem é "MAIS" quem tem ou quem não tem?

— Quem tem, está claro! responderam as violetas roxas.

— Logo, vocês são mais que a violeta branca, porque vocês têm pigmentos e ela não tem!

As palavras do Visconde foram uma revelação. Todas abriram a boca e arregalaram os olhos. Emília, então, pondo as mãozinhas na cintura, voltou-se para a orgulhosa e disse:

— Vamos lá, ariana! Responda a este argumento do Visconde.

A violeta branca engasgou. Se as outras possuíam pigmentos e ela não, nada mais claro que as outras tinham algo mais que ela e, pois, eram mais ricas...

O Visconde fechou o debate com estas palavras:

— A cor das flores decorre da pigmentação. Quando falamos em "cor branca" dizemos uma asneira, porque para haver cor é preciso que haja pigmentação e o branco é justamente sinal de ausência de pigmentação — continuou a falar cientificamente em cor e pigmentos, mas já sem auditório. As violetinhas roxas não quiseram mais ouvi-lo, de tão radiantes que estavam com a vitória. O que queriam era trocar impressões e lançar olhares de dó para a violeta branca. Por que de dó? Porque a a violeta branca havia derrubado a cabeça e começado a murchar, de tanta tristeza e humilhação...