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MEMORIAS DE UM NEGRO
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ferencias, umas quatro, que são pronunciadas nos centros importantes de cada região, nas igrejas, nas escolas, nas sociedades christãs, em clubs.

Ha tres annos, por proposta do sr. Morris K. Jesup, de Nova York, e do dr. J. L. M. Curry, agente geral da fundação John Slater, os administradores desta sociedade destinaram uma verba ás despesas das viagens que eu e a sra. Washington fazemos nos Estados mais feridos pela escravidão. Todos os annos consagramos algumas semanas a esse trabalho. Pela manhã dirijo-me aos professores, aos ministros, aos commerciantes; á tarde minha companheira fala ás mulheres; á noite appareço em grandes reuniões publicas. Ordinariamente ha brancos no auditorio. Em Chattanooga, no Tennessee, tive cerca de oitocentos brancos em tres mil pessoas.

Essas viagens produzem excellente resultado. Conseguimos penetrar a vida dos negros, observal-os em casa, na igreja, na escola, na fabrica, na prisão, na piolheira da cidade. E augmenta a confiança que tenho no futuro da minha raça. Sei que as apparencias, os enthusiasmos rapidos, nos enganam, mas habituei-me a desprezar signaes exteriores, esforço-me por examinar as coisas, colher informações com methodo e sangue frio.

Um entendedor barato affirmava ultimamente que na raça negra fervilham as mulheres desho-