Página:Turbilhão (Coelho Netto, 1919).djvu/201

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arisca, encolhida:

— Olhe Mamede...! Não se fie. Ele, às vezes, diz que vai aqui, ali quando menos se espera, aparece.

Dobrou-se, agachou-se, fazendo-se pequenina, evitando as mãos que a procuravam.

— Não faça isso...

Coleava e ria, nervosa.

— Não brinque assim... Eu quebro a xícara.

De repente, muito séria, murmurou:

— Olhe que podem ver... Essa gente da estalagem é muito bisbilhoteira.

Paulo, porém, insistia e a mulata, a torcer-se com as cócegas, às gargalhadas nervosas, amolecia.

— Fique quieto... Fique quieto...

A xícara rolou tinindo. Fora, o canário cantava estridulamente e estalava a roupa que as lavadeiras batiam.

Mamede, logo ao entrar, alagado em suor, atirando o chapéu para cima da mesa, irrompeu contra o velho: "Que era um cigano, um unhas-de-fome, um malcriadão".

— Olhe, nhozinho, eu não fiz uma estralada naquela biboca por causa de vosmecê. A minha vontade foi mandar a testa nos queixos daquele sujo e varrer aquilo tudo a pé. Mas Deus é grande! Está agora cheio de empáfia, um porcaria que eu conheci pindaíba que nem tinha um casaco decente para vestir.

— Não mandou...?

— Qual nada! Disse que vai falar com a velha. E não imagina os desaforos que atirou em