A Alma do Lázaro/II/XXVIII

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Sei tudo!...

O velho é avó de Úrsula. Percebeu sem dúvida o aparecimento naquele sítio de um vulto suspeito, e quis reconhecê-lo.

Acendeu a fogueira, que devia esclarecer a minha figura, e fugiu aterrado, por si e pela neta.

Não lhe quero mal por isso.

Salvar a filha de seu sangue é um dever de todo o homem. Em seu lugar eu faria mais. Exterminaria ali mesmo o pestiferado para que nunca mais ousasse envenenar o ar que ela, a inocente, respirava.

Úrsula não tornou, e eu rogo a Deus que não me apareça nunca mais. Assim terei ao menos o consolo de olhar os muros que a escondem à minha vista, mas não ao meu coração. Presente ela, ,nunca ousarei eu aproximar-me daqueles sítios.

O horror a afastou para sempre. Ainda bem! Ao menos não receberei dela o asco e desprezo que o mundo arremessa sobre mim; e poderei guardar dentro em minha alma, doce e com passiva, a linda imagem que me sorriu um dia através das agruras de uma mísera existência.