A Conquista/XXII
O Neiva, muito loquaz, pôs-se a falar dos patrícios que vinham nesse êxodo triste, tocados pela fome.
— Pobre gente! É o sertanejo da minha terra, é o rústico do meu campo cearense, é o caboclo serrano, é toda a população do grande centro flagelado. Vais ver que miséria. Deus não se compadece do meu Ceará. De vez em quando é isso — um sol tremendo que bebe toda a água dos rios, que seca todas as fontes, e começa o abandono da terra. Quem anuncia a calamidade é o gado arribando das várzeas adustas com o "choro" lamentoso que se ouve à distância como um prantear da natureza sacrificada. Parece que é a própria terra que geme e clama misericórdia. Depois é o homem que, vendo mirrar a sua roça e não encontrando gota de água no açude árido, fecha a porta da cabana e emigra. Oh! A retirada...! O gado vai caindo exausto pelos caminhos e os corvos baixam sobre os bois magros e acabam-nos a bicadas, devorando-os em vida. O homem, mais resistente, caminha afundando os pés na areia adusta, com a cabeça ao sol, cantando para suavizar a marcha dolorosa. E são velhos trôpegos que mal podem mudar um passo, mulheres, crianças e moças virgens, sertanejinhas formosas, abandonados, caminhando sem ver um oásis, através da esterilidade inclemente.
Se um pântano aparece ao longe, precipitam-se atropeladamente, ajoelham-se à beira d'água morta e bebem, arrancam a taboa e envenenam-se. Alguns morrem e ficam apodrecendo nos caminhos; outros, com desânimo, deixam-se cair à sombra escassa de uma árvore sem folhas e sucumbem à míngua ou devorados pelas onças. E quanta tristeza nas cantilenas! Este, lembra a sua casinha de palha, entre os milhos; aquele, fala, com saudade, da sua roça, do lugar em que nasceu, de onde saiu pela primeira vez, expulso pelo sol. E o clamor, que é assim que eu chamo ao canto dos retirantes, o hino magoado dos banidos, ecoa de quebrada em quebrada lamentavelmente.
Mas, meu velho, mais cruel que o sol é o coração do homem. Esses infelizes são explorados na sua miséria. A virgem, quando chega à primeira vila, aparece logo o libertino propondo um punhado de farinha a troco da sua pureza, e a desgraçada, que tem fome, entrega-se, às vezes, perto dos pais moribundos, diante dos pequeninos irmãos, que olham espavoridos.
— É infame!
— É uma miséria! Mas que queres? É assim. Eu queria que me mandassem dirigir o serviço no Ceará e eu que encontrasse um desses patifes! Arregalou os olhos e bufou colérico, com os punhos cerrados: Esganava-o, palavra de honra! Esganava-o! Vais ver a miséria.
Haviam chegado ao cais Pharoux. Catraieiros avançaram de chapéu na mão, oferecendo botes:
— É para o nacional? Temos ali a Maria Flora, patrão... Olha o Ventania... É para o francês? Quer um bote, patrão? Eu tenho toldo. Podemos ir à vela... E assediavam-nos, falavam ao mesmo tempo, disputando os dois rapazes. E o Neiva, muito calmo, sem lhes dar atenção, bradou diante do mar:
— Lá está ela! Ali vem! Irrompeu então contra os homens. Pois os senhores não me vêem embarcar aqui todos os dias? Não sabem que tenho lancha? Não me conhecem? E empertigado, ameaçando com a bengala: Enquanto eu não vier um dia disposto a fazer uma limpeza neste cais isto não endireita. Os catraieiros retiraram-se cabisbaixos e o Neiva, rugindo, acompanhou-os algum tempo com o olhar chispante. Depois voltou-se para o Castelo: Lá está o sinal do paquete. Vamos, está aí a lancha. E caminharam para o embarcadouro.
Como deviam entrar dois paquetes, já assinalados no Castelo, era grande o movimento de embarcações no mar — botes que iam à vela ou a remo, lanchas que partiam sulcando fundo as águas. A baía fulgurava toda em chispas, ao sol. Gaivotas circulavam no ar puro, grasnando. Os dois tomaram a lancha que logo se pós em marcha, demandando o navio que entrava, lento e negro, vagaroso, pesado.
— Pobre gente! — exclamou o Neiva com a mão em pala diante dos olhos encandeados. Parece que vem ali um pedaço da minha terra infeliz, o meu Ceará amado. Por que há de o Senhor causticar aquela bendita região dos palmares? É uma praga! Parece que o Ceará foi escolhido pelo sol para vítima. De tempos a tempos, bumba! Lá vem a seca e é isto que estás vendo — o Sertão a emigrar, a fugir diante do incêndio e da aridez.
O paquete avançava majestoso e a lancha ia passando entre um cruzador e um pontão quando sons agudos de corneta retiniram, depois apitos e um escaler foi baixando dos turcos sobre o mar onde começou a balouçar-se graciosamente.
— Belo navio, disse Anselmo.
— É a Guanabara.
— A minha carreira...
— O homem, pois gostas disso?
— Da marinha? Não estou ali a bordo porque meus pais entenderam que eu tinha vocação para médico. Fui mesmo à escola, mas no anfiteatro, diante do primeiro cadáver, o meu estômago protestou com tanta energia que resolvi abandonar o escalpelo e o esqueleto e atirei-me à balança e à espada. Ah! Meu amigo, o mar...! Não imaginas como adoro o oceano!
— Pois eu detesto-o.
— Enjoas?
— Não, a bordo devoro como um escrivão de cartório. Mas deixa lá! Não há como a terra firme: pisa-se em cheio. Isso de saber a gente que está à mercê do vento e da vaga não é comigo. Shakespeare já disse: pérfida como a onda e eu já me vi com água pela barba, em uma viagem.
— Naufragaste?
— Quase! Fomos sobre uma pedras e não te digo nada... que horror! Mas sabes o que mais pena me causou? Foi ver lançarem ao mar um precioso carregamento de conhaque... caixas sobre caixas. Eu quis protestar com uma objeção razoável. "Comandante, se continua a dar bebidas ao oceano então é que ele nos arranja alguma com a ressaca..." Mas o homem estava tão grave no seu posto de responsabilidade que retirei o conselho e meti-me no beliche chorando o desperdício. Nada como a terra firme, sempre há mais segurança. Em terra só naufragam empresas. Isso de ir um de nós para as areias alimentar as sardinhas não é nada sedutor. Não há como um homem sair da sua casa barbeado, vestido, em um caixão de primeira com os seus parentes e amigos para o cemitério. Sempre a gente sabe onde está... e pode ter a sua coroa no dia de finados.
— Ora, isso é uma preocupação fútil.
— Como preocupação fútil? Não acho. Eu é porque não tenho dinheiro; mas logo que arranje um cobrinho, compro quatorze palmos de terra em S. João Batista e mando edificar o meu mausoléu, tão certo como estarmos nesta lancha ronceira.
— Para que quatorze palmos?
— Porque eu conto com a família que há de querer morar comigo, mesmo algum amigo, terá casa às ordens.
— Pois eu preferia descer ao fundo do mar.
— Pois meu caro, se para lá fores não contes comigo para acompanhar-te o enterro. Ó patrão, esta lancha não anda. Parece que não saímos do mesmo lugar.
O paquete passava enorme, sereno. À proa uma multidão apinhava-se — homens, mulheres, crianças alongando olhares para a terra desconhecida.
O Neiva pôs-se de pé e, com o chapéu na mão, bradou:
— Salve, Ceará! E logo, visivelmente comovido, pôs-se a falar como se pudesse ser ouvido: Cearenses, está aqui o Neiva, vosso irmão, vosso patrício que vos veio esperar. O Neiva! E o paquete seguia para a bóia. A lancha partiu então, a toda a força, acompanhando-o e o Neiva, sempre de pé, bradava: Cearenses, aqui estou eu! Aqui estou eu!
— Vem cheio que nem um ovo, disse um dos homens da lancha.
— Gente feia! — exclamou outro.
— Feia, mas honrada, protestou o Neiva.
— Parece chim.
— Que chim?!
— É sim, seu Neiva.
— E eu? Eu tenho alguma coisa de chim?
— Vosmicê não.
— Pois eu sou cearense.
— Mas vosmicê não é arretirante, lá dos cafundós.
— Quais cafundós! Um homem daqueles vale por dez de vocês!
— Que esperança! Farinha seca não engorda. Aquilo é gente!? Barriga só.
— Pois sim. Vão lá vocês meter-se com um daqueles caboclos.
— Ora, seu Neiva! Era num tempo só... Tudo aquilo junto não dá para a brincadeira de cinco de nós.
A âncora mergulhava e a lancha avançou, manobrando atracar à escada de bombordo.
Subiram. O paquete estava literalmente tomado pelos retirantes. Era uma população que ali vinha apertada, constrangida, chorando o mesmo infortúnio. A proa úmida tresandava, redes cruzavam-se: umas estiradas, nas quais mulheres cadavéricas, macilentas, tostadas pelas grandes soalheiras dos campos largos, em mangas de camisa, com as aduelas dos peitos apontando, fumavam nostalgicamente, de olhos ao longe, perdidos num sonho. Velhos abaçanados, escaveirados, cabelos hirsutos, chapéu de coco à cabeça, a camisa de madapolão desabotoada, deixando ver os bentinhos e os amuletos pendurados do pescoço, com as mãos cruzadas nos joelhos, não se moviam como se não houvessem chegado ao termo da viagem. Rapagões sacudidos, faca à cinta, na bainha de couro, falavam em ritmo dolente de canto, num tom interrogativo. Mocinhas púberes, de olhos lindos, tez macia e rosada, cabelos de um negro de azeviche, mal levantavam as pálpebras timidamente, acotovelando-se. Crianças nuas, ventrudas como gnomos, reboleavam-se no chão; pequenitos de mama dormiam em esteiras, ao sol, nus, as mãozinhas na boca.
A um canto, sobre um rolo de cabos, um velho cego cantarolava e uma robusta rapariga cor de azeitona, de lábios grossos e sensuais, muito dengosa, fazia crivo com a almofada ao colo.
Havia um rumor indistinto: eram risadas, cantilenas, suspiros, gritos, choros, pragas. Uma viola gemia escondida. Mas dominava o grande zumbido da colméia a grasnada ruidosa dos papagaios que os retirantes traziam como lembrança da terra.
O Neiva ia de um a outro grupo, falava, interrogava, querendo saber de onde eram, se haviam sofrido muito, se a seca ainda era grande e os infelizes, como se logo, à primeira vista, houvessem nele reconhecido um patrício, uma vítima, talvez, do mesmo flagelo, cercavam-no com simpatia e confiança. Os que estavam longe avizinhavam-se de chapéu na mão, respeitosamente, narrando as suas desgraças. O Neiva afagava as crianças, animava os moços e as raparigas:
— Vocês aqui estão muito bem: a terra é boa, a gente é boa, ganha-se muito dinheiro. Depois, é o mesmo Brasil. Vocês não são brasileiros?
Um velho, com uma longa camisa que lhe descia aos joelhos por cima das calças, acenou com o dedo negativamente:
— Nhôr não.
— Como! Então você não é brasileiro, velho?
— Cearense té morrê! — disse atirando uma cusparada por entre os dentes.
— Então o Ceará não é uma província do Brasil, velho?
— Iche! Ceará é dele só... té morrê. E foi-se resmungando convencidamente. Té morrê.
O Neiva rompeu a rir e perguntou:
— Até morrer, hem?
— E o velho, de longe, sacudiu a cabeça, repetiu:
— Té morrê!
Uma mocinha mais desembaraçada interrogou o boêmio:
— Mecê é nortista?
— Cearense! Cearense da gema.
— Logo vi! Só gente do norte é que fala ansim.
O velho, como se houvesse sido interrogado, resmungou novo: Té morrê!
— Lá está ele.
Um caboclo pôs-se a assobiar uma cantilena de vaqueiro. Com que melancolia o infeliz ia rememorando o tempo feliz na terra natal: a cavalo campina fora, a vara de ferrão em punho, tocando os marroás atrevidos.
— Eh! Patrício...! Você era vaqueiro?
O caboclo acenou com a cabeça que sim, e continuou a assobiar. Anselmo apartou-se querendo ver miudamente aquele quadro sinistro de miséria. O navio lembrava a jangada da Medusa: os homens, com raras exceções, tinham fisionomias espectrais, como se viessem de urna longa tortura. Junto à amurada descobriu uma velhinha encarquilhada, encolhida nos andrajos, o cachimbo nos beiços, olhando a fito. Parecia uma bruxa em evocação.
— E! Velha! A megera meneou com a cabeça tristemente, como se o saudasse. Você veio só, minha velha? Ela acenou negativamente. Veio com seu marido? Ela riu num pincho... Com seu filho?
— Muié... disse ela.
— Sua filha?
— Hen-hen.
— Que é dela?
— No má... eles botaram no má.
— Morreu?
— Hen-hen...
— De que, velha?
Encolheu os ombros e repetiu:
— Botaram no ma.
— E você não tem mais parentes aqui?
— Nhôr não.
— Nem conhecidos?
— Nhôr não.
— Está só?
— Nhôr sim.
— Como te chamas?
— Maria Nazareth.
— De onde és?
— De Sobrá.
— Que idade, velha?
— Não sei... não sei mais. Oie, idade tá aqui, moço. E puxou uma falripa branca.
Adiante estava um pequenote de pernas finas, quase nu, com um cachimbo nos beiços e uma mulher nova, sentada na rede, com o peito descoberto, amamentava um monstrengo encarquilhado.
Deslizando sobre a lama escorregadia que, em espessa camada, empastava o navio, Anselmo foi seguindo lentamente, detendo-se diante dos grupos, a olhar, a interrogar.
Junto à amurada uma família olhava a cidade, ao longe, muito branca, reverberando ao sol com o casario acumulado, as torres agudas das igrejas hirtas como que espetando o céu e o fundo de montanhas em recortes irregulares, sob uma pulverização de ouro. Como que vinha na brisa o grande rumor da vida agitadíssima daquele pandemônio, misterioso para os sertanejos que chegavam dos campos e das serras, tendo deixado a grande e rude natureza agreste.
No mar também era incessante o movimento de botes e de lanchas. Faluas corriam a todo o pano, outras passavam arrastadas pelos rebocadores. Um grande transatlântico saia partindo o mar, deixando um fundo sulco nas águas lisas, que logo inchavam em ondas, nas quais subiam e baixavam os leves botes mercantes. Os couraçados, quietos como ilhas, pareciam embandeirados: era a roupa da maruja que secava à proa, e as grandes barcas como casas errantes, cruzavam-se serenas em caminho para Niterói e outras para a Corte. E eram silvos e uivos e dos botes que atracavam ao paquete subia gente ansiosa. Um empregado da Alfândega, de boné, falava ao comandante e um velha mulher, que entrara com grande espalhafato, ia e vinha atordoada, fazendo momos de nojo, a olhar de esguelha os miseráveis que recordavam a terra, abandonada.
Terra simples, mas bem mais formosa para eles do que a grande cidade que aparecia além alvadia, luminosa, de uma grandeza imponente.
Anselmo deteve-se junto da família rústica e um velho, tipo patriarcal, fisionomia bíblica, longa barba a descer-lhe do rosto macilento ao peito côncavo, dando com ele, sorriu, fazendo um leve aceno de cabeça:
— Deus salve a vosmicê. Que coisa é aquela ali, moço? Aquilo no meio das casas que parece um ovo, mal comparando.
— É a Candelária.
— Cumu é, mái? — perguntou curiosamente, com os olhinhos muito vivos, uma rapariguinha já púbere, dirigindo-se à velha cabocla que, de cotovelos fincados na amurada, o rosto nas mãos, olhava perdidamente.
— Eu sei, muié...
— O moço está falando.
— Apois... E continuou na mesma posição contemplativa.
— É uma igreja, explicou Anselmo.
— Ahn...
— Igreja? — perguntou a rapariga.
— Sim.
— É igreja, mãi.
— É sua filha? — perguntou Anselmo.
— Nhôr sim, esses todos; e unzinho ficou lá. E os olhos da filha elevaram-se para o céu, como se o pequenino filho perdido lá andasse pela altura azul.
Cantavam perto uma cantilena melancólica. Ó noites serenas luar do Norte, ó ameníssimos serões nas serras, ó descantes varandas, enquanto o gado recolhido muge! Que saudade! uma voz atroou:
— Vamos, gente! Nada de choro! Isto aqui é a nossa terra, somos todos irmãos. Toca a embarcar. Vivo! Vivo! Anda, velho! Vocês nem parecem do Ceará, terra de jangadeiros. Onde se viu um cearense ter medo do mar? Vamos! Vamos! Era o Neiva.
O boêmio guiava como pastor o grande e infeliz rebanho humano. Já haviam chegado os batelões que deviam transportar a leva para a ilha das Flores. Os rebocadores faziam ruído espadanando, e a negralhada chacoteava dos batelões, rindo da pobre gente que descia aos rebolões pela escada oscilante do navio, apinhando-se nos transportes, como animais. As mulheres, sobraçando trouxas, resingavam dando safanões nas crianças que seguiam receosamente, quase de rastos. Os homens levavam as cargas: canastras, cofos, redes enroladas, gaiolas de pássaros, a viola. E todos falavam, gritavam uns pelos outros, procuravam-se com ânsia. Às vezes, do meio da escada, tornavam ao navio, gritando:
— Mariazinha! Eh, muié... caminha! E lá iam a correr precipitadamente, e o Neiva sempre a animá-los:
— Vamos! Vamos! O outro tem de atracar. Vivo com isso. Nada de choros; ninguém vai morrer. Vamos! E o rebanho infeliz descia chapinhando na lama do convés, onde havia detritos imundos, trapos, cascas de frutas e trouxas sórdidas. Vamos! Não há tempo.
Por fim o batelão cheio, entupido de gente, tão sobrecarregado que as bordas iam quase rentes de água, começou a mover-se lentamente, arrastado por um rebocador e do meio sinistro daquele povo, que o sol inclemente havia banido da terra natal, como de um só peito, foi subindo, dolentemente, uma cantiga sertaneja. E o batelão seguia. Os de bordo acompanhavam-no com os olhos entristecidos. E o canto magoado foi crescendo, tornando-se mais forte, mais forte, enchendo os ares, e, sob o azul do céu, na mansidão daquelas águas lisas, por muito tempo não se ouviu outro ruído. Os próprios catraieiros indiferentes calaram-se escutando, com piedoso interesse, a canção do êxodo, hino triste do campo abandonado, lírica suave da terra que além ficara, canto do monte e do campo, doce e rústica poesia que lembrava o para sempre perdido, a doce província das palmas verdes, dos verdes mares, inclemente e sempre amada.
E lá ia, já longe, o batelão, o canto, porém, parecia estar ali perto, dentro do navio... e estava! Porque os que haviam ficado, esperando que atracasse o outro batelão, filhos da mesma terra, vítimas da mesma dor, repetiam, como em eco, a mesma cantilena.
Ah! Seu Anselmo!... — disse apenas o Neiva com a voz presa e os olhos arrasados de água.