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A Dama do Pé-de-Cabra/II/VIII

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A clepsidra aponta a hora de sexta nocturna, e ainda dura o sarau no solar do conde de Biscaia; porque a nobre condessa e o gentil Astrigildo assistem às danças e aos jogos dos libertos e servos, que, para eles espairecerem, trabalham lá na sala d'armas. Mas, num aposento baixo do solar, um homem está em pé com um punhal na mão, olhar furibundo e o cabelo eriçado, parecendo escutar longínqua toada.

Outro homem está diante dele, dizendo-lhe:

— "Senhor, ainda não é tempo para punir o grande pecado. Quando eles se recolherem, aquela luz que vedes acolá há-de apagar-se. Subi então, e achareis desimpedido o caminho secreto para a câmara, que é a mesma do vosso noivado."

E o que falava saiu, e daí a pouco a luz apagou-se, e o homem dos cabelos hirtos e do olhar esgazeado subiu por uma íngreme e tenebrosa escada.