A Luneta Mágica/II/XLVII
Não posso mais ser feliz: é impossível.
Aborreço a todos, e todos me aborrecem.
Sou um contra todos, a sociedade toda está em guerra aberta contra mim. Não pode haver luta, vou sucumbir; cairei ao primeiro golpe.
O grito do primeiro garoto, a pedrada do primeiro menino malcriado será o anúncio do meu sacrifício
A voz geral brada que estou doido.
O médico que me tratou protesta que não estou doido; mas confessa que estou maníaco. A distinção não me salva.
Ficarei para sempre fechado neste quarto, ou, se aparecer na rua, gritarão mil vozes: "o doido! o doido!
E arrastarão o doido para o hospício dos alienados...
E me arrancarão à força a minha luneta mágica, e hão de quebrá-la, destruir o poder da visão do mal!...
Oh! é horrível esta situação.