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A Luneta Mágica/II/XXXIX

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Horrorizado da aranha, desviei dela a minha luneta mágica e em movimento de repulsão levei-a até uma das extremidades do telhado, onde encontrei metade do corpo de um rato que me olhava esperto, e com ar que me pareceu de zombaria.

Senti vivo desejo de estudar o rato e fixei-o com a minha luneta; mas o tratante somente se deixou exposto durante minuto e meio, e fugiu-me, deixando-me ouvir certo ruído que me pareceu verdadeira risada de rato.

E fiquei sem poder apreciar esse quadrúpede roedor e daninho pela visão do mal!

O rato é de todos os animais que tenho encontrado, o único que não me foi possível estudar tanto quanto desejava.

Por quê?...

Seria isto efeito do acaso?

Ou é que os ratos tem no Brasil o privilégio de escapar à justa curiosidade, e às justíssimas diligências perseguidoras de quem os deve apanhar, e pôr em boa guarda?...

Não creio nesta segunda hipótese.

As ratoeiras abundam; todos o sabem.

Agora o que desconfio que seja verdade, e que a justiça pública arma ratoeiras que só apanham os camundongos, e deixa e tolera que famosas ratazanas vaguem impunes, floresçam e brilhem, fazendo farofa pelas ruas da cidade.