A Morgadinha dos Canaviais/XXIII

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XXIII


Dominado por os maïs energicos e encontrados sentimentos Augusto saiu do Mosteiro, ainda sem plano formado, sem tenção definida, mas comprehendendo vagamente a necessidade de abraçar uma resolução qualquer.

As palavras que D. Victoria inconsideradamente soltára, tinham-lhe feito conceber a suspeita de que Henrique não fôra alheio á calumnia que pesava sobre elle. D’ahi a attribuir-lhe todo o plano da intriga não ia longe, e justo é confessar que não era destituida de plausibilidade a ideia.

A especie de aversão reciproca que, desde o primeiro encontro, os dividira, a maior vehemencia da entrevista na noite de Natal, em que ficára pendente entre elles uma provocação, só á espera de pretexto, concorriam para dar vigor a está supposição.

Por isso, depois de por muito tempo percorrer á tôa os caminhos dos campos, sem consciencia nem destino, Augusto encaminhou-se resolutamente para Alvapenha.

Estava ainda pouco senhor de si para meditar nas circumstancias que occasionaram a sua accusação. Mal poderia até dizer de que era accusado. Percebeu que se tratava de um abuso de confiança, de uma infamia, mas a impressão recebida fôra tal que não o deixára investigar os pormenores do facto . Previa em tudo isto uma traição, e, para a esclarecer, dirigiu-se á unica pessoa de quem lhe parecia provavel que ella partisse.

Quando chegou a Alvapenha já tinha alli passado a hora de jantar.

Henrique retirára-se para o quarto, D. Dorothéa e Maria de Jesus, aquella dobando, está fiando, aproveitavam o tempo a rezar parte das suas longas orações quotidianas.

Quando Augusto bateu á porta, estavam ellas de volta com a ladainha, que D. Dorothéa dizia em latim, a seu modo, e a que Maria de Jesus respondia no mesmo idioma.

—­Turris e burris, fedilisarca, espeque da justiça, Joannes asellis—­dizia D. Dorothéa.

—­Orá pér nós—­respondia invariavelmente a criada.

A reza interrompeu-se ao entrar Augusto na sala.

Poucas situações se podem conceber maïs exasperadoras de animo do que a de Augusto n’aquelle momento.

Vir com o espirito dominado por as maïs violentas paixões, trazer no coração uma verdadeira tempestade affectiva, e de subito achar-se na presença de duas indoles essencialmente pacificas, de dois corações a que a paixão nunca alterou o rithmo, de duas consciencias de que nunca a dúvida, o remorso, où o odio turbaram a céleste serenidade, é um martyrio cruel.

Augusto teve desejos de recuar, porque previu a tortura que o esperava.

—­Ditosos olhos que o vêem!—­disse D. Dorothéa, arredando deante de si a dobadoura, para maïs á vontade contemplar o recem-chegado.—­Não sei que mal lhe fizeram n’esta casa!

—­As minhas occupações...—­balbuciou Augusto, sem saber o que dizia.

Maria de Jesus veio de reforço á ama.

—­Isso! fale-nos nas suas occupações, nem que se não soubesse cá que todos os dias dá o seu passeio ao fim da tarde; sem falar nas quintas-feiras e domingos...

Augusto não respondeu.

—­Pois olhe que todos aquí lhe querem bem—­disse D. Dorothéa.

—­Assim o creio, minha senhora.

—­Eu fui muito amiga de sua mãe, que era uma santa creatura. Inda me parece que a estou a vêr ahi sentada, com aquella capa rôxa que trazia. A alegría d’ella, quando o Augustito veio de Lisboa! Vi-a chorar e agradecer a Deus o filho que lhe tinha dado... Todo o seu desejo era não morrer antes de o vêr padre; queria pelo menos uma vez commungar das suas mãos... Coitada!... Não lhe concedeu isso o Senhor, que bem cêdo a chamou a si.

E continuou para Augusto:

—­Quando morreu a morgada, a madrinha da Lenita, e que me contaram aquí do legado que ella deixára, eu disse logo: «Ora a alma tem ella no Céo por isto, quando por maïs não seja». Porque, emfim... só quem não conheceu sua mãe é que não diria outro tanto. Verdade é que elle não chegou a aproveitar... mas... Emfim cada um sabe o que lhe convem e o que lhe não convem. E eu digo, a vida de sacerdote é muito bonita, isso é, mas... não havendo inclinação...

Augusto estava impaciente com a loquacidade da senhora de Alvapenha.

—­O sr. Henrique de Souzellas está em casa?—­perguntou elle, logo que pôde.—­Desejava muito falar-lhe.

—­Ai, sim? quer falar com elle? Eu acho que... Parece-me... Sim, elle deve estar no quarto... Ha de estar a ler. Não tem outra vida aquelle rapaz! Uma coisa assim! Por maïs que eu lhe diga: «Henriquinho, olha que isso faz-te mal...» É o mesmo que nada. Só ler, ler, ler, que é uma coisa por maior. Ao principio ainda por ahi dava alguns passeios... Agora, tirando lá as suas visitas ao Mosteiro, elle para ahi fica. Lá ao Mosteiro sim, para ahi ainda elle vae.

—­É que os ares são por alli muito saudaveis—­disse maliciosamênte Maria de Jesus.

—­Adeus! ahi vem vossê com as suas coisas. E então que tem? Pois está claro que um rapaz, como elle, dá-se com a gente nova.

—­Pois sim, senhora, eu não digo...

—­E as raparigas de lá já não estão bem sem elle... Ora eu confesso, quando elle está de maré, é um gôsto ouvil-o. Sempre ás vezes tem coisas que fazem rir as pedras.

—­E pondo-se a contar historias? Ih! isso então é que é! Eu não sei onde elle as vae buscar!—­accrescentou a criada.

—­Com está—­continuou D. Dorothéa, apontando para Maria de Jesus—­é ás vezes um passo. Eu ainda queria que o Augustito os ouvisse a ambos. É perdido em pouca gente. Elle põe-se lá a inventar patranhas, e ella a tôla, que sabe já como elle é, ouve tudo muito séria e fiada, e no fim então é que são os escarcéos. Emfim, uma coisa é dizer, outra é vêr!

E D. Dorothéa ria, com aquelle rir meio tossido de velha, em que ha não sei que indicios de uma existencia placida, que consola ouvir.

Augusto forçava-se a sorrir áquellas narrações das duas velhas, a que elle mal attendia.

—­Eu digo—­continuou D. Dorothéa—­que já nos havia de fazer falta se saisse d’aqui; quando cá não está parece-me a casa morta.

—­Deixe lá, senhora, que este já d’aqui não sae.

—­Ora bem sabe vossê d’isso.

—­Pois a senhora verá. Ora! Os passeios ao Mosteiro são muito bonitos.

Augusto ergueu-se, devéras resolvido a cortar a conversa por uma vez.

—­Se me dá licença, eu vou procural-o ao quarto. Desejava falar-lhe, quanto antes, para um negocio de urgencia.

Depois de maïs algumas reflexões, resignaram-se a deixal-o partir.

Augusto transpoz rapidamente os corredores, que o separavam do quarto deHenrique, e bateu á porta d’este.

—­Entre quem é—­disse de dentro Henrique.

Augusto entrou.

O sobrinho de D. Dorothéa estava sentado junto da janella, lendo uma folha e fumando.

Ao vêr Augusto levantou-se.

A lembrança das scenas d’aquella manhã no Mosteiro, e a expressão de physionomia de Augusto, fizeram-lhe prevêr a indole da entrevista que se ia seguir.

Evitando porém o menor indicio, que pudesse revelar a prevenção em que estava, disse naturalmente, estendendo a mão a Augusto:

—­Oh! por aquí! A que devo o prazer d’esta visita?

Em vez de lhe corresponder ao cumprimento, Augusto disse-lhe friamente:

—­Assim estende a mão a um miseravel? Ou é tibieza de pundonor, où excesso de magnanimidade!

Henrique retirou logo a mão e respondeu com orgulhoso desdem:

—­Nem uma coisa, nem outra; simplesmente o juizo bastante para não me arvorar em superintendente de negocios que me não dizem respeito; é um sentido especial, que se chama delicadeza.

—­É um pouco sujeito a adormecer em si esse precioso sentido—­replicou Augusto no mesmo tom.—­Nem sempre são tão observadas pelo senhor, essas delicadas abstenções, como agora. Sei-o por experiencia.

—­Não o são desde que os interessados me ordenam que intervenha, e desde que a minha intervenção pode ser útil a amigos.

—­Pois bem; como, por qualquer d’essas causas, se deu o facto em relação ao objecto que me traz aquí, espero que me explique a natureza da sua intervenção.

—­Mas com que direito me vem o senhor pedir aquí explicações?

—­Com o direito que me dá a consciencia, senhor!—­respondeu energicamente Augusto, despojando-se de toda a apparencia de ironia.—­Com o direito que tem todo o homem, calumniado cobarde e infamemente, como eu fui, de provocar uma accusação aberta e leal. Direito? É maïs ainda do que direito, é dever. É um dever para com a moral, é um dever para com a consciencia, é um dever para com a memoria d’aquelles que nos transmittiram um nome honrado.

—­Muito bem; mas, admittindo que seja esse direito où esse dever, e não lh’o contestarei, por que singularidade acontece que seja eu a pessoa que tem de responder por tudo isso? Por acaso será este o pretexto, para depois do qual tinhamos adiado uma entrevista que suppuzemos necesssaria?

—­Se houve pretexto para ella, foi da sua parte, e escolheu-o bem infâme e vil. Não lh’o invejo. Da minha não é pretexto; é uma interrogação bem positiva e terminante. Todos os motivos anteriores, que podiam auctorisar-me a procural-o, cessaram ante a impreterivel exigencia d’este. Preciso de justificar-me, e por isso preciso de conhecer e de ouvir os meus accusadores.

—­E imagina que sou eu quem deve auxilial’o na tarefa? Pelo menos devia escolher uma hora maïs cómmoda. Sabe que na Alvapenha se janta patriarchalmente ao meio dia.

—­Não julgue que com essas ironías de mau gôsto, se esquivará a responder-me. Juro-lhe que hei de obrigal-o a falar com seriedade.

—­E tem meios para isso?

—­Faço-lhe a justiça de acreditar que sim; creio que ainda não estará tão envilecido que receba com um sorriso cynico o insulto que lhe infligir...

—­É provavel que não risse, no caso que diz; mas tambem não falava, acredite. Ha, para interrogações d’essas, respostas maïs adequadas e discretas. Não tente; aconselho-o... Mas, valha-me Deus, quem lhe disse que eu não queria dar-lhe todas as explicações que souber? Sente-se, conversemos placidamente, que é a melhor maneira de vêr claro nas coisas. Não fuma?

Augusto, indignado com este frio sarcasmo, respondeu com vehemencia:

—­Está-me causando tedio e compaixão ao mesmo tempo, senhor. Deve ter já uma alma bem corrompida para me receber assim. Ainda quando eu fôsse um criminoso, se no seu caracter houvesse brio, dignidade e sentimento moral, devia a minha presença ser-lhe um espectáculo demasiado abjecto, para o não deixar sorrir, ainda que de sarcasmo; mas na incerteza em que está, em que deve estar por fôrça, a só ideia de que pode calumniar um homem innocente, devia bastar para lhe fazer sentir toda a gravidade d’esta entrevista e obrigal-o a attender-me como eu exijo ser attendido. Para não comprehender isto, para não respeitar esse sagrado direito, que tem todo o accusado de se defender, é necessario estar corrompido até o fundo da alma. O scepticismo e a irreverencia para com os outros, só se dá em quem duvída de si proprio, e a si proprio se não respeita, porque se conhece. O senhor soube insinuar a calumnia no seio de uma familia, cujos amigos generosos não a receberam sem dor; e quando o calumniado lhe vem pedir explicações, porque se trata da sua unica riqueza, porque, sem familia e pobre, e ámanhã talvez na miseria, precisa de defender o unico bem que lhe resta, o senhor recebe-o com um sorriso ultrajante, para occultar talvez a cobardía, que não ousa repetir na face do accusado as insinuações que contra elle fez na ausencia. Se a consciencia lhe não exprobra está infamia, teve razão ao dizer-me que me enganei procurando-o. A caractères d’esses não se pede a explicação da calumnia; é a sua manifestação natural.

E terminando estás palavras, que a maïs violenta paixão lhe dictára, Augusto caminhou para a porta do quarto.

Henrique deteve-o.

No espirito do leviano hospede de Alvapenha passára-se n’este curto intervallo de tempo uma profunda revolução moral.

Na voz, no gesto e na indignação de Augusto pareceu-lhe perceber vestigios de sinceridade, em que até alli não acreditára, e desde esse momento, além dos remorsos pelos desdéns com que o recebêra, sentia viva a necessidade de uma reparação.

Magdalena tinha razão.

No meio de todos os seus defeitos, havia n’este rapaz um não exgotado fundo de pundonor e de moralidade.

—­Não saia—­disse elle para Augusto, já sem a menor sombra de ironia.—­Se para isso fôr necessario pedir-lhe perdão, pedir-lh’o-hei. Que maïs quer?... Reconheço-lhe o direito que tem de ser escutado. Fique. E creia que, apesar das apparencias lhe serem desfavoraveis, eu, que em bem pouco concorri para ellas, sinto-me já movido a não lhes dar fé. É já um convencimento tão intimo como o que até agora tinha da sua culpa, confesso-o. Se na minha mão estiver esclarecer o mysterio, conte commigo. Fale.

Augusto fitava-o ainda com desconfiança.

Henrique percebeu-o e continuou:

—­É justa a dúvida que lhe leio no olhar, mas, como sómente o meu procedimento futuro a pode desvanecer, peço-lhe que não deixe por isso de falar.

—­Antes de maïs nada: de que me accusam?—­perguntou Augusto.

—­Pois não sabe?!—­exclamou Henrique, admirado.

—­Vagamente apenas. Sei que ha uma carta extraviada, mas a conclusão em que fiquei, mal me deixou comprehender...

Henrique contou então tudo o que se passára no Mosteiro, e terminou dizendo:

—­Já vê que eu não fiz maïs do que faria outro qualquer em meu logar. Pesava sobre todos quantos frequentavam aquella casa uma desconfiança odiosa: esclarecer o mysterio, dissipar as suspeitas, lançar aos hombros do culpado toda a responsabilidade da traição, era o natural empenho de todos. A descoberta da carta na sua pasta accusava-o. Essa descoberta foi occasionalmente feita por D. Victoria. Eu não o conhecia bastante para que o seu passado me obrigasse a recusar o testemunho das apparencias. Os motivos de despeito, que as suas mesmas palavras por aquella occasião confirmaram, explicavam muito bem certas tentações de vingança... Nada maïs natural do que suppôr...

Augusto cobriu o rosto com as mãos, murmurando:

—­Accusado!... accusado de uma infamia, e deante de...

Aquí reteve-se, como se a tempo comprehendesse a indiscreção da sua dor.

Henrique cada vez se sentia maïs modificado nas suas disposições para com Augusto; por isso, quando este cortou assim em meio a expressão do pensamento, elle, que lh’o percebeu, disse-lhe, sorrindo:

—­D’ella? Socegue. Tem junto d’esse tribunal, de que se receia tanto, advogados eloquentes.

Augusto levantou para Henrique um olhar interrogador.

—­Diz que...

—­Que não deve temer da impressão produzida, por todas as provas d’este mundo, no animo de quem, através de tudo, acreditará sempre na sua innocencia.

—­Réfère-se a...

—­Ao seu segredo, que ha muito o não é para mim. Veja como eu estou virado! Acho-me quasi disposto a sympathisar com elle, quando ha pouco tempo ainda, sinceramente o confesso, era está a causa occulta de tal où qual antipathia, que sentia pelo senhor... que sentiamos um pelo outro, digamos assim.

—­Mas...

—­Vamos, vamos... eu sei que é discreto; nem está era occasião para entrar em confidencias. Tratemos do que maïs importa... Não sei como é que iría jurar agora a sua innocencia em toda está desastrada intriga, e com o tempo... porque francamente lhe declaro que me é necessario algum tempo para desvanecer em mim todos os restos de despeito e de... paixão... porém, com o tempo, talvez venha a ser seu verdadeiro amigo... sem a menor prevenção.

E depois de um momento de silencio, proseguiu, mudando de tom:

—­Mas, com os diabos, sendo o senhor innocente, deve ter grandes inimigos aquí na terra para o enredarem assim! É preciso esclarecer isto.

—­Inimigos?!... Não os conheço, nem vejo motivos...—­disse Augusto, pensativo. Mas de repente, como se lhe acudisse um pensamento luminoso, fez um gesto que Henrique percebeu.

—­Que é?—­perguntou este logo.—­Descobriu?... Diga... Uma suspeita é já um rasto precioso... guía os primeiros passos... Diga... E eu o ajudarei a seguil-o.

—­Lembro-me agora de uma notavel visita, que ha dias recebi. É isso...

E Augusto contou toda a entrevista que tivera com o brazileiro.

—­E ainda agora se lembra d’elle?—­exclamou Henrique, ao ouvil-o—­e inda hesita?! O senhor é de uma boa fé!... Temos o fio!

—­Mas como pôde elle...?

—­Isso depois; o maïs virá a seu tempo. Agora trata-se de vigiar esse senhor... E agora me lembra; elle é um dos oradores do club do Canada... Sondarei esse antro tenebroso... Eu já devia suppor que andava aquí miseria politica... Estou a achar razão áquella adoravel Magdalena... Perdão... inda não perdi o habito de a adorar... Tambem, desde que o consiga, serei seu amigo sem restricções. Até lá, porém, não será isso motivo para de corpo e alma me não dedicar á sua causa... Eu posso ter todos os defeitos, menos o de collaborar de boamente n’uma velhacaria; e, fôsse o meu maior inimigo que eu visse victima d’ella, creia que procuraria desfazel-a.

—­Agradeço-lhe essas palavras, que acredito são sinceras; não posso, porém, acceitar a intervenção que me offerece. Eu sou que devo justificar-me. Está empenhada n’isso a minha dignidade.

—­Como queira. Em todo o caso espero que uma má prevenção o não constranja a não recorrer lealmente a mim, se o meu auxilio lhe puder servir. Agora peço-lhe perdão, se alguma vez o offendi de maïs; mas vamos lá, o senhor tambem não está de todo isento de culpa... E quanto ao pretexto... adiado maïs uma vez, não lhe parece?

Augusto não podia fechar-se áquelle caracter, que se lhe estava mostrando agora sob uma face nova e sympathica; por isso respondeu, sorrindo:

—­Adiado para sempre.

E estenderam as mãos um ao outro, apertando-as já sem o menor resentimento.

Eram duas almas generosas, que acabavam de se comprehender.

—­É notavel;—­pensava comsigo Henrique—­estou sympathisando á ultima hora com este rapaz!

Mas como se combina isto com a minha paixão por Magdalena, a quem elle ama igualmente? Dar-se-ha que ella acertasse, e que não fôsse paixão o que eu senti! Isto de mulheres teem uma vista tão apurada para estás discriminações!