Cada palavra dicta é a voz de um morto

Wikisource, a biblioteca livre

Cada palavra dicta é a voz de um morto.
Aniquillou-se quem se não velou;
Quem na voz, não em si, viveu absorto.
Se ser Homem é pouco, e grande só
Em dar voz ao valor das nossas penas
E ao que de sonho e nosso fica em nós
Do universo que por nós roçou;
Se é maior ser um Deus, que diz apenas
Com a vida o que o Homem com a voz:
Maior ainda é ser como o Destino
Que tem o silencio por seu hymno
E cuja face nunca se mostrou.

           

19. IX. 1918.

Notas[editar]

  1. MEIRELES, Maurício. Bibliófilo encontra versão inédita de poema de Fernando Pessoa. Folha de S. Paulo. São Paulo, 11 jun. 2016. Ilustrada. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/06/1780385-brasileiro-revela-caderno-com-versao-inedita-de-poema-de-fernando-pessoa.shtml>. Acesso em: 11 jun. 2016. Cópia armazenada na Wayback Machine do Internet Archive.