Contos Tradicionaes do Povo Portuguez/Já que tanto teima
Aspeto
115. JÁ QUE TANTO TEIMA
Um fidalgo cahiu em pobreza, e ás vezes arrebentava com fome só para se não abaixar a pedir. Chegava a qualquer casa, e se lhe diziam por ceremonia:
— É servido de se utilisar? Ou: Quer fazer um pouco de penitencia comnosco? elle respondia:
— Já que tanto teima uma vez só, acceito.
E assim sem descer da sua dignidade tirava o ventre de miseria.
(Porto.)
Notas
[editar]115. Já que tanto teima. — No Conde de Lucanor, de D. João Manoel, n.º XXXIV, fl. 101, v., encontra-se como conto o que em Portugal se repete quasi que exclusivamente como locução.