Saltar para o conteúdo

Diccionario Bibliographico Brazileiro/Antonio Alves de Carvalhal

Wikisource, a biblioteca livre

Antonio Alves de Carvalhal- Natural da Bahia e filho de João Telles de Carvalhal e de dona Candida Maria de Carvalhal, nasceu na cidade de Santo Amaro em 1846 e falleceu a 16 de junho de 1880, victima de uma affecção renal.

Collega desde os primeiros estudos do laureado poeta Castro Alves, delle rival na poesia, e formado em sciencias sociaes e juridicas pela faculdade de Pernambuco, exerceu o cargo de promotor publico em Itapicurú, termo de sua provincia, e voltando ao logar de seu nascimento ahi exerceu a profissão de advogado e serviu os cargos de curador dos orphãos e de adjunto á promotoria publica.

Escreveu:

- Lesbia. Recife, 1851 - O livro que tem este titulo é uma collecção das poesias que o autor escrevera em tempos de estudante.

- Chronicas (collecção de poesias e de artigos em prosa) - publicadas no periodico Monitor de 1876 a 1880. Muitas destas poesias, enthusiasticas e arrebatadoras, foram transcriptas em jornaes da côrte e de outras provincias. A maior parte dellas são impregnadas, como se exprimiu Felinto Bastos, do delicado sainête humoristico de satyra fina, aristocratica e aguçada como um bistury não usado. Quando trato de um poeta que morreu quasi desconhecido, não será ocioso transcrever aqui dous trechos que foram reproduzidos pelo mesmo F. Bastos na noticia que escreveu do doutor Carvalhal. Disse o poeta se dirigindo a uma cantora:

Canta, cysne gentil do paraiso!
Quem sabe si nasceste de um sorriso,
     De algum canto de Deus...
Si, ao dormires á noite, um anjo lindo
Vem te beijar, e ensina-te, sorrindo,
As harmonias mysticas dos céos?!...

N'outra composição, patriotica, escreveu elle:

Santo dia da patria, eu te bemdigo!
Eu te bemdigo, ó sol, que tão formoso,
Como risonha lampada suspensa
      D'essa cupola immensa,
Illuminaste o drama portentoso
       De nossa liberdade!

      Oh! vem, surge de novo!
Como o dedo de Deus, na immensidade,
Vem revolver as cinzas do passado.
      Abre aos olhos do povo
      Esse livro dourado
De nossa grande, immorredoura história!
Foste tu, testemunha das grandezas,
Que percorrendo o espaço ao mundo inteiro
      Levaste a nossa gloria!

Vem recordar ás gerações modernas
      Que seus paes foram bravos.
Elles nasceram miseros escravos,
      Mas heroes se tornaram!
Da patria a preciosa liberdade
Foi co'o sangue das veias que plantaram.
Dize ao povo que guarde esse legado
      Tão sublime e tão puro!
Não nos mostres apenas o passado...
      Oh! sol bemdito e santo!
Vem rasgar o sombrio, espesso manto
Da aurora do futuro!

O doutor Carvalhal redigiu:

- O Popular Sant'Amarense. S. Amaro, 1871 - A principio, em 1869, fôra collaborador desta folha, escrevendo diversos artigos, tanto em prosa como em verso; depois assumiu a redacção, donde passou mais tarde, em 1876, a fazer parte da redacção do já mencionado Monitor, periodico da capital. E antes, sendo ainda estudante, redigiu:

- O Futuro: periodico scientifico e litterario. Recife, 1864, in-4º – Teve por companheiros nesta publicação Antonio de Castro Alves, Aristides Augusto Milton e L. F. Maciel Pinheiro.