Dicionário de Cultura Básica/Aristófanes

Wikisource, a biblioteca livre

ARISTÓFANES (dramaturgo grego) → Comédia

Nada no mundo é pior que uma mulher sem-vergonha,
exceto algumas outras mulheres.

Aristófanes (445–386) é o maior expoente da ‘‘comédia velha", chamada assim para distingui-la da "comédia nova" do período alexandrino. A comédia antiga se caracterizou por uma sátira ferina contra as instituições políticas, sociais e culturais de Atenas, apontando nominalmente as pessoas importantes da época. O comediógrafo grego, nobre aristocrata rural, foi um implacável conservador e misógino, insurgindo-se contra todas as inovações que colocassem em crise as crenças e os costumes tradicionais. Seus alvos preferidos foram, além das mulheres, o sistema democrático de Atenas com seus governantes considerados corruptos e demagogos, a Guerra do Peloponeso (431–404 a.C.) em que atenienses e espartanos se digladiavam estupidamente, o ensinamento filosófico de Sócrates (injustamente considerado um sofista), tido como incentivador dos maus costumes, e a decadência da arte dramática atribuída a Eurípides. Das quarenta e três peças satíricas que escreveu, restaram onze. As mais importantes são: Os cavaleiros: sátira violenta contra o arconte de Atenas, Cléon, e sua política demagógica; As nuvens: sátira de Sócrates e da educação apregoada pelos sofistas, considerada responsável pela frouxidão dos costumes da juventude de Atenas; As vespas: sátira contra a mania dos atenienses de recorrer ao tribunal e processar-se uns aos outros por motivos fúteis; A Paz: sátira contra a Guerra do Peloponeso travada entre atenienses e espartanos; Os pássaros: sátira da utopia político-social, pois os atenienses, cansados de morar na cidade onde se fazem muitos processos, resolvem fundar uma cidade entre o céu e a terra; Lisístrata: retoma o assunto da peça A Paz, onde a matrona Lisístrata convoca as mulheres de Esparta e de Atenas para uma greve do sexo, enquanto os maridos não acabarem com a guerra; As Rãs: sátira contra o dramaturgo Eurípides, acusado de ter rebaixado o nível do teatro na Grécia; Assembléia de mulheres: é a sátira da utopia da República de Platão, em que, face à falência moral dos cidadãos, as mulheres decidem governar Atenas, impondo o amor livre e a comunidade dos bens.