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Dicionário de Cultura Básica/Beckett

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BECKETT (Esperando Godot) → Teatro

Nascemos todos loucos. Alguns seguem sendo.

A peça Esperando Godot, escrita em francês, ao redor de 1950, tornou-se um marco da moderna dramaturgia, caracterizando o que foi chamado "Teatro do Absurdo", que tentava romper os laços com o teatro tradicional. Seu autor, Samuel Beckett, irlandês, também poeta e romancista, viveu vários anos na França e na Inglaterra. Sua preocupação principal de homem e de escritor foi encontrar um sentido para a vida face ao vazio existencial. Embora em sua obra literária apareça a descrição de tipos e objetos banais, colhidos da realidade cotidiana, seu anseio mais profundo é metafísico: antes que se preocupar com problemas políticos, sociais ou éticos, a sua reflexão está voltada para o absurdo do mundo abandonado por Deus. O sentimento, que predomina em seus poemas, romances e dramas, é a angústia, provocada pela solidão humana. A sua obra dramática de maior sucesso é Esperando Godot. Peça em dois atos, com dois personagens principais, Vladimir e Estragon; dois secundários, Pozzo e Lucky; e um Menino. O cenário é uma estrada e uma árvore, ao entardecer. Através do diálogo dos protagonistas percebe-se que a conversa sobre assuntos banais serve apenas para matar o tempo na espera de Godot. Não se sabe quem é este Godot que Vladimir e Estragon estão esperando e que não aparecerá. Segundo alguns críticos, seria Deus (Godot derivaria do nome inglês God), cuja vinda a humanidade há vários séculos espera em vão (as mensagens de Cristo e de outros Profetas não vingaram). Melhor é pensar num sentido indefinido: a peça representaria o anseio de o homem ver melhorada sua condição existencial. A esperança de que alguma coisa maravilhosa (o ganho de uma loteria, um amor fantástico, um emprego invejável) possa acontecer é que mantém o homem vivo, fazendo-lhe superar a angústia e evitar o desespero. Enfim, a peça beckettiana seria a representação trágica da eterna expectativa humana: todo o mundo, sempre, espera por alguma coisa, que nunca irá acontecer!